Produtores jogam tomate fora e o preço sobe para o consumidor
Excesso de produção, amadurecimento rápido e pragas levam produtor a descartar tomate
Os produtores de tomate não tinham alternativa. Diante de clima seco e quente forçando o amadurecimento rápido dos frutos e estimulando o surgimento de pragas, somado ao aumento da oferta e preços baixos, o horticultor partiu para o descarte de boa parte da produção. Com isso, a oferta de tomate diminuiu e os preços no atacado reagiram. A alta dos preços já recai sobre os consumidores.
Os preços no atacado avançam acentuadamente. Se no início de setembro, em Belo Horizonte, a caixa de tomate salada com 20 quilos era negociada no atacado a R$ 38,33, em apenas cinco dias saltou para R$ 66,25, segundo o Cepea/Usp.
Não foi diferente no Rio de Janeiro: na primeira semana de setembro a caixa de tomate salada no atacado era comercializada em média a R$ 43,33 e subiu esta semana para R$ 76,67; e em São Paulo avançou de R$ 46,43 para R$ 67,50.
Pequenos produtores sofrem mais
“Os que mais descartam tomates são os pequenos produtores. Os grandes têm a cadeia produtiva, quase não têm perda”, explica Joel de Souza Meira, presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Branco, no interior de São Paulo, município que é o terceiro maior produtor paulista de tomates.
Ele lembra que os últimos três anos os bons preços do tomate no mercado incentivaram o aumento de produção. Mas o clima ruim surpreendeu os produtores, reduzindo a qualidade dos frutos.
“O tomate é uma cultura que gosta de um clima ameno e úmido. Com clima ruim, a cultura fica suscetível a doenças e com duração irregular, o que não ajuda na hora da venda”, explica Sérgio Mitsuo Ishicava, engenheiro agrônomo da CATI em Paraibuna (SP).
“Essa situação climática com calor excessivo ainda pode aumentar o preço do tomate para o consumidor final mais adiante”, diz Joel Souza Meira. É que o calor acelera a produção e “pode comprometer as futuras lavouras”, acredita.
TRILHA DO AGRO|Lucas Limão