PowerPoint de auxiliar de Braga Netto mostra "day after" de 7 de setembro

20/06/2025 05h19 - Atualizado há 12 dias

Documentos foram encontrados pela Polícia Federal no celular do coronel Flávio Botelho Peregrino

Cb image default
Coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto • Reprodução/YouTube

O relatório da Polícia Federal (PF), com base em novos dados obtidos do celular do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, auxiliar de Walter Braga Netto, identificou um documento em PowerPoint que projetava cenários para o chamado "day after" (dia seguinte) do 7 de setembro de 2021.

Segundo a PF, os arquivos digitais apreendidos no celular de Peregrino "continham documentos com avaliações de cenários (antes e depois). Nesta data, a capital federal recebeu a manifestação convocada durante algumas semanas e que reuniu caminhões e manifestantes na Esplanada dos Ministérios durante as comemorações da independência do Brasil".

Na época, o coronel assessorava o então ministro da Defesa, Braga Netto. A PF encontrou duas apresentações em formato "ppt". Os documentos eram intitulados "07 de setembro — dia anterior" e "7 Setembro — Versão 04".

Neste último documento, que possui 17 slides, a Polícia Federal destaca que o termo Garantia da Lei e da Ordem (GLO) aparece em duas ocasiões. Em um slide, são apresentadas alternativas para "desescalar sem desmobilizar as manifestações" e "adoção de medidas restritivas por opositores". Em outro, são mencionados "GLO Preventivo", "GLO a pedido dos Estados/DF" e outras formas de intervenção, incluindo ações pelas Forças Armadas e demais Poderes da República.

O relatório também indicava possíveis reações da imprensa diante dos acontecimentos previstos para o dia das manifestações. A apresentação detalha "ações diretas e indiretas" que seriam adotadas pelo presidente e por outros integrantes do governo.

O termo "day after" usado no relatório da PF se assemelha ao também utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante depoimento enquanto réu na ação penal da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF).

No interrogatório, de frente ao ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro negou que ele ou comandantes das Forças Armadas tenham tido conversas sobre uma tentativa de golpe. "Um golpe é até fácil começar. Mas, o 'after day' (dia seguinte, em tradução livre) é sempre imprevisível e danoso para todo mundo", disse.

Braga Netto era "figura central"

O mesmo relatório da PF aponta que o general da reserva Braga Netto, réu na ação penal da trama golpista, era a "figura central" na estratégia para descredibilizar as urnas eletrônicas. Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado.

O relatório afirma que "as trocas de mensagens confirmaram a atuação do general Braga Netto como uma figura central para a implementação das estratégias visando desacreditar o sistema eleitoral e o pleito de 2022".

Segundo a PF, Braga Netto e outras seis pessoas, incluindo o coronel Flávio Botelho, eram integrantes de um grupo no WhatsApp chamado "Eleicoes 2022@", onde discutiam "diversas ações para subverter o regime democrático".

Conforme o documento, os membros do grupo se reuniram pelos menos cinco vezes, entre os dias 6 e 12 de novembro de 2022. Três reuniões foram realizadas pela internet e duas de forma presencial.

Davi Vittorazzi, da CNN, Brasília