População de Esteio (RS) apoia causa e ajuda a reconstruir a vida de 224 refugiados

16/05/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Diálogo, aprendizado e solidariedade são palavras que definem bem o acolhimento de 224 venezuelanos em Esteio, no Rio Grande do Sul. Quando migrantes e refugiados chegaram ao Município, em setembro de 2018, voluntários se uniram à prefeitura para recepcioná-los. Hoje, todos os abrigados moram por conta própria ou com ajuda de seus empregadores.

De acordo com a prefeitura, dos venezuelanos acolhidos individualmente — ou seja, aqueles que se refugiaram sem a família — todos conseguiram se inserir no mercado de trabalho. Entre os abrigados com parentes, pelo menos uma pessoa do núcleo familiar conquistou um emprego. “Com isso, foi possível dar autonomia a todos os grupos de refugiados que recebemos na cidade”, avalia o prefeito Leonardo Pascoal.

Para unir a população na causa, uma das estratégias adotadas foi esclarecer que o acolhimento não impactaria no funcionamento do Município de cerca de 83 mil habitantes. “Mostramos que seria uma rica experiência cultural e de solidariedade para nossa gente. Essa mensagem foi compreendida com um forte engajamento da comunidade em torno desse processo”, relembra Pascoal. Os serviços oferecidos aos refugiados — nas áreas de saúde, educação, cuidado social, entre outros — são exatamente os mesmos disponíveis para os brasileiros no país.

“Foi uma verdadeira experiência de vida, um exercício pleno de empatia. Criamos um laço de união muito forte. Conseguimos transformar a vida de 224 pessoas em situação de extrema vulnerabilidade em apenas seis meses”, resume o prefeito. A principal lição de abrir as portas para quem precisa, no entanto, pode ser um benefício para o próprio Município. “Percebemos que somos capazes de fazer coisas que nem imaginávamos, e isso nos permite refletir e alterar práticas em diversas outras políticas públicas em busca de mais efetividade”, acrescenta.

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A experiência foi tão positiva em Esteio que a previsão é que o Município receba duas famílias de refugiados de conflitos do norte da América Central até o mês de junho. Nesta semana, o prefeito e a secretaria de Cidadania, Trabalho e Empreendedorismo, Tatiana Tanara, estão nos Estados Unidos para a Missão sobre Engajamento de Comunidades na Integração de Refugiados, organizada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil e pelo Comitê Internacional de Resgate. Os custos de traslado e hospedagem foram custeados pelas organizações.

Ao compartilhar a experiência de Esteio, os gestores identificaram que muito do que fizeram de forma empírica está alinhado com o plano de ação de reassentamento de refugiados nos Estados Unidos. Com os conhecimentos adquiridos na missão, o objetivo da prefeitura gaúcha é sensibilizar outros gestores sobre a importância do tema e articular um modelo de acolhimento para o Brasil, além de auxiliar o governo federal na definição de um marco legal.

Na cidade, diversas entidades e parceiros atuaram no acolhimento, com destaque para o governo federal, a ONU/ACNUR, a Associação Antônio Vieira (ASAV), a Marinha e voluntários do programa Conta Comigo da prefeitura local.

Como acolher

Com o objetivo de esclarecer os gestores sobre o papel da administração municipal ao aderir à Operação Acolhida do governo federal para a interiorização, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) lançou a campanha Interiorização + Humana.

Mais de 90 Municípios brasileiros em 18 Estados brasileiros já abriram as portas para venezuelanos refugiados. Para apoiar os gestores municipais no acolhimento, o governo federal oferece um pacote de benefícios — que engloba políticas, estratégias, programas sociais e projetos estruturantes.

O Município interessado deve buscar mais informações sobre o processo de adesão e os incentivos federais para assim adotar as medidas necessárias e assinar o termo de voluntariado. A adesão pode ser solicitada por meio de formulário no portal da CNM.

O prefeito de Esteio (RS), Leonardo Pascoal, incentiva os demais gestores municipais a aderirem. “A mensagem que deixo aos colegas é que este problema do fluxo migratório, qualquer que seja a razão, não é um problema apenas do governo federal. É, sim, um problema humanitário, de todos nós. Se cada um fizer um pouquinho, e não é tão difícil, daremos uma contribuição valiosa ao mundo e à vida de milhares de pessoas.”

Por Amanda Martimon

Da Agência CNM de Notícias