Papa Francisco diz que Bento XVI o apoiou em debate sobre direitos de casais LGBT

03/04/2024 04h16 - Atualizado há 1 mês

Francisco fez a revelação no livro "Papa Francisco. O Sucessor: Minhas lembranças de Bento XVI", que será lançado nesta quarta-feira (3)

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Papa Francisco com Bento 16 no Vaticano

27/8/2022 Divulgação via REUTERS

O papa Francisco encontrou um aliado em seu antecessor Bento XVI quando ele se posicionou a favor de uniões civis para casais do mesmo sexo, disse o pontífice em um novo livro que será lançado na Espanha.

A obra está prevista para ser publicada na quarta-feira (3), mas seu conteúdo foi compartilhado antecipadamente nesta terça-feira (2) com vários veículos, incluindo a Reuters.

Francisco tem confirmado a oposição da Igreja Católica aos casamentos LGBT, mas tem dito repetidamente que casais do mesmo sexo têm o direito de ser protegidos por leis de união civil.

Uma maior abertura em relação à comunidade LGBT tem sido uma das marcas registradas de seu papado de 11 anos, mas Bento XVI, um papa mais conservador, não era conhecido como simpático à causa.

No entanto, Francisco disse que Bento o defendeu diante de um grupo não identificado de cardeais que o procuraram para reclamar das “heresias” do papa em relação a sua posição sobre uniões civis.

“Eles apareceram em sua casa para praticamente me levar a julgamento e me acusaram na frente dele de apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, disse Francisco.

Bento XVI ouviu, “ajudou-os a distinguir as coisas” e lhes disse que o que Francisco havia dito não era “nenhuma heresia”, afirmou o papa.

Francisco fez a revelação no livro “Papa Francisco. O Sucessor: Minhas lembranças de Bento XVI”, baseado em entrevistas com o jornalista Javier Martínez-Brocal.

Em fevereiro de 2023, o papa já havia dito que Bento XVI uma vez rejeitou uma queixa sobre o que Francisco disse sobre as uniões civis, mas ofereceu menos detalhes.

Em dezembro, Francisco permitiu que os padres abençoem casais do mesmo sexo, provocando indignação dos conservadores, mas insistindo que isso não equivale a uma aprovação formal para relacionamentos não heterossexuais.

Não há sugestão de que Francisco tenha discutido essa medida com Bento, que continuou morando no Vaticano após sua chocante decisão de renunciar em 2013, até sua morte no final de 2022.

Alvise Armellini da Reuters