Padilha promete ação contra médicos antivacina: "Não seremos lenientes"
Médicos vendem e divulgam informações sobre síndrome não comprovada cientificamente que causaria doença crônica após doses de reforço da vacina da Covid-19
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse no domingo (16) que o Ministério da Saúde prepara medidas para combater médicos que divulgam e faturam em cima de conteúdo antivacina nas redes sociais sobre uma síndrome sem comprovação científica.
Padilha republicou uma matéria do jornal Estadão no X (antigo Twitter) sobre a venda de medicamentos, conteúdos, cursos e consultas da "síndrome pós-spike", também conhecida como "spikeopatia", que causaria um conjunto de doenças crônicas após doses de reforço da vacina da Covid-19. No entanto, não há evidência científica que comprove essa teoria.
Padilha afirmou que prepara ações com o advogado-geral da União, Jorge Messias, para combater a desinformação com relação às doses de reforço da vacina.
"Diferente de outros governos, não seremos lenientes com o negacionismo!", começou o ministro da Saúde no X.
E continuou: "O Ministério da Saúde, junto com o ministro Jorge Messias, acionará todas as medidas cabíveis para impedir que essas pessoas continuem colocando em risco a vida da nossa população e ainda ganhando dinheiro com isso! O negacionismo na saúde e no clima mata, desgrega [sic] famílias e prejudica a economia".
Segundo o Estadão, a pasta inicia os procedimentos legais para combater a conduta desses profissionais a partir desta segunda-feira (17). Esses médicos dizem que tratamento para a síndrome seria um protocolo sem comprovação científica. Eles ainda divulgam cursos que custam até R$ 685 e consultas particulares no valor de R$ 3,2 mil.
A hipótese dos médicos sobre a síndrome faz referência à proteína spike, usada nas vacinas de RNA mensageiro para induzir a resposta imune contra a Covid-19. Para os profissionais que defendem a existência da "síndrome pós-spike", proteína ficaria no organismo por tempo prolongado, sendo produzida pelo organismo após a vacinação, causando doenças crônicas. Em uma nota publicada em agosto, o Ministério da Saúde afirma, no entanto, que essa informação é falsa.
A CNN Brasil tentou contato com a assessoria da pasta para saber quais serão essas medidas, mas não teve retorno até o momento desta publicação. A matéria será atualizada quando tiver uma resposta.
Como funciona o esquema de vacinação contra a Covid atualmente?
O Ministério da Saúde atualizou o esquema de vacinação contra a Covid-19 em dezembro. Entre as principais novidades, anunciadas em informe técnico, está a inclusão do imunizante no Calendário Nacional de Vacinação para gestantes e idosos (60 anos ou mais). Antes, esses públicos faziam parte do chamado "grupo especial".
Com isso, o esquema de vacinação funciona da seguinte forma:
Vacinação de rotina
Crianças entre 6 meses a menores de 5 anos: duas doses da vacina da Moderna Spikevax, com quatro semanas de intervalo entre elas, ou três doses da vacina da Pfizer Cominarty, com quatro e oito semanas de intervalo entre elas;
Idosos de 60 anos ou mais: duas doses, com seis meses de intervalo entre elas, de uma das vacinas: Pfizer Cominarty, Moderna Spikevax ou vacina recombinante Serum/Zalika;
Gestantes em qualquer período da gestação: uma dose a cada gestação de uma das vacinas: Moderna Spikevax, recombinante Serum/Zalika ou Pfizer Cominarty.
Vacinação especial
Grupos especiais devem tomar uma dose anual de uma das vacinas Moderna Spikevax, recombinante Serum/Zalika ou Pfizer Cominarty. São eles:
Pessoas vivendo em instituições de longa permanência;
Indígenas vivendo em terra Indígena e fora da terra Indígena;
População ribeirinha;
Quilombolas;
Trabalhadores da saúde;
Pessoas com deficiência permanente;
Pessoas privadas de liberdade;
Funcionários do sistema de privação de liberdade;
Adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas;
Pessoas em situação de rua.
Pessoas imunocomprometidas a partir de seis meses de idade devem receber o esquema primário com três doses das vacinas, com quatro e oito semanas de intervalo entre elas. Em seguida, vacinação periódica com duas doses e seis meses de intervalo entre elas.
População geral entre cinco e 59 anos de idade, sem imunização prévia, deve receber uma dose do imunizante disponível para a faixa etária.
*Com informações de Gabriela Maraccini, da CNN Brasil
Gabriela Piva, da CNN Brasil, São Paulo
