Nice: a transformação de Lahouaiej-Bouhlel, um homem violento radicalizado rapidamente

17/07/2016 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

O autor do ataque de Nice, Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, era, até poucos meses atrás, um homem vaidoso, adepto da musculação, violento com a mulher e não religioso, até se radicalizar, muito rapidamente.

A mudança radical deste homem de 31 anos, nascido em 31 de janeiro de 1985 em Msaken, no subúrbio de Sousse (Tunísia), é, nesta fase da investigação, difícil de datar com precisão.

No sábado, o ministro do Interior Bernard Cazeneuve observou simplesmente, com base em testemunhos de pessoas sob custódia policial, que ele aparentemente se radicalizou muito rapidamente.

Entre as centenas de pessoas interrogadas desde quinta-feira pelos investigadores, muitas evocaram a religiosidade do jovem, segundo indicou neste domingo uma fonte próxima ao caso à AFP.

Tendo chegado na França em 2005, ele regularizou sua situação no país no ano seguinte, e casou com uma franco-tunisina, com quem teve três filhos. O casal, em processo de divórcio, vestia-se de maneira Ocidental, de acordo com todos os testemunhos recolhidos pela AFP.

Seu pai, entrevistado na Tunísia pela AFP, indicou que havia perdido o contato com o filho. Mas se lembra de um jovem que não tinha ligação alguma com a religião: Ele não fazia orações, não jejuava, bebia álcool, e até mesmo se drogava.

Eu não bebo

Na pequena academia que ele frequentava em Nice, Mohamed Lahouaiej-Bouhlel é lembrado como um alguém que gostava de aparecer, que costumava flertar, segundo uma testemunha. Lá, o jovem chegou a ter aulas de salsa, e vinha praticar esportes por vaidade (...), para definir o corpo de maneira a lhe agradar.

A mesma impressão que passava na pequena cidade periférica do norte de Nice onde viveu com sua esposa antes de sua separação. Ele não frequentava a mesquita local e bebia cerveja, nas palavras de muitos membros da Associação religiosa de Nice Norte.

Ele não é fiel a Deus, eu nunca o vi na mesquita, assegurou um zelador do imóvel do bairro La Planas, no restaurante ao lado do local de oração. Ao seu lado, três muçulmanos praticantes com longas barbas confirmaram a informação.

Ele era conhecido da polícia e da justiça por ameaças, violência, roubo e vandalismo, em atos cometidos entre 2010 e 2016, de acordo com o procurador de Paris.

Em 24 de março, ele foi condenado a seis meses de prisão com sursis por violência voluntária com arma cometida em janeiro, durante uma briga ligada a um acidente de trânsito, segundo um comunicado do ministro da Justiça.

Um morador do prédio Le Bretagne, onde o assassino morava no 12º andar com sua esposa, mas de onde foi embora há cerca de 18 meses, traçou, por sua vez, o perfil de um homem desequilibrado.

Ele tinha crises. Quando se separou de sua esposa, ele defecou em todos os lugares, estraçalhou os ursinhos de pelúcia de sua filha e cortou o colchão, relatou o vizinho.

Sua mulher pediu o divórcio depois de uma discussão violenta, disse.

Mais comedido, o zelador do prédio, que conhecia o casal, descreveu um homem que praticava musculação e luta, muito violento com sua esposa, uma moça tímida e gentil, que cresceu no bairro.

Já no prédio onde passou a residir, uma das poucas vizinhas que teve contato com o assassino contou à AFP um episódio durante a Eurocopa. Na ocasião, Mohamed Lahouaiej-Bouhlelt lhe disse que não bebia álcool.

Seu pai, Mohamed Mondher Lahouaiej-Bouhlel, descreveu um jovem que teve entre 2002 e 2004 problemas que causaram um colapso nervoso. Ele ficava irritado, gritava, quebrava tudo na sua frente.

Quinta-feira, John Lambert, um sul-africano cujo testemunho foi recolhido pela emissora Enca, disse que viu o homem dirigindo o caminhão de 19 toneladas contra a multidão na Promenade des Anglais. Seria de esperar alguém gritando... Mas ele estava muito calmo, muito focado. Era quase como se estivesse jogando videogame. Ele estava apenas focado em sua tarefa: tentar esmagar o máximo de pessoas possível.

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