Mulheres jovens têm mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho
As mulheres jovens são as que encontram maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, apontou a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo mostrou que, em 2014, havia 4 milhões de mulheres de 16 anos de idade ou mais desempregadas, e que elas tinham a maior taxa de desocupação, 8,7%, ficando atrás apenas dos jovens em geral, com idade entre 16 a 24 anos de idade, 16,6%.
“São as mulheres jovens que encontram a maior dificuldade de se inserir no mercado, considerando que uma em cada cinco mulheres estava desocupada em 2014, ou 20,8%”, apontou Cristiane Soares, pesquisadora da coordenação de população e indicadores sociais do IBGE.
Segundo o IBGE, no Brasil, a taxa de desocupação feminina, de todas as faixas etárias, era quase o dobro da taxa masculina, entre 2004 e 2014.
“O desemprego feminino tem sido uma preocupação não somente brasileira, mas de grande parte dos países, principalmente num contexto de crise econômica na qual reconhecidamente jovens e mulheres são os primeiros a sentirem os efeitos”, ressaltou o estudo. O resultado, contudo, representa uma redução de 10,9% em relação a 2004.
Melhora na qualidade
Apesar do maior desemprego feminino, a pesquisa mostrou uma melhora na qualidade do emprego delas. Houve um aumento de 60% no número de mulheres em empregos formais, enquanto entre os homens esse crescimento foi de 43,6%.
Caiu, porém, em 7,6%, o percentual de ocupados em trabalhos informais, “o que reforça este aspecto positivo na década de geração de empregos de maior qualidade para uma população mais escolarizada”, apontou a análise.
Formalização aumenta
Em dez anos, a proporção da população de 16 anos ou mais ocupada em trabalhos formais aumentou 26,3%, e passou de 45,7% para 57,7%. Em 2014, contudo, houve queda em comparação com o ano anterior para a população feminina, passando de 57,3% para 56,5%.
O IBGE apontou ainda que apesar do avanço da taxa de formalização, as desigualdades regionais permanecem. A região Nordeste possui a menor taxa, 39,6%, mas teve a maior variação do período, 43,1%. Na região Sul, 68,2% estavam ocupados em trabalhos formais no período, um aumento de 29,4% em relação a 2004.
Referência no lar
A pesquisa mostrou ainda que aumentou de 3,6% em 2004 para 15,1% em 2014 a indicação das mulheres como pessoa de referência nos arranjos compostos por casal com filhos, enquanto diminuiu a proporção daqueles que tinham o homem como referência, passando de 67,7% em 2004 para 54,9% em 2014. De acordo com a análise, esse aumento também foi observado nos arranjos sem filhos residentes, passando de 3,4% de 2004 para 10,4% em 2014.
O total de arranjos familiares e unipessoais aumentou de 56,4 milhões para 70,2 milhões em 2014, e o com grau de parentesco mais comum foi o composto por casal com filhos, no entanto, esse grupo caiu de 51% em 2004, para 42,9%, em 2014.
Não economicamente ativas
Entre 2004 e 2014, a população economicamente ativa mostrou um crescimento de 16,1%, menos que o observado na população em idade para trabalhar, 19,7%. A população economicamente ativa, contudo, entre pessoas de 16 a 24 anos, caiu 11,7%.
Segundo o IBGE, isso significa que a dinâmica de crescimento da população está mais acelerada que o ritmo de inserção da população no mercado, seja procurando emprego ou ocupando um posto de trabalho.
“A não participação dos jovens no mercado de trabalho a priori não deve ser visto como um aspecto negativo se, num contexto de crescimento da economia e de expansão do rendimento familiar, a não atividade é vista como um investimento da família em formação ou qualificação”, afirmou o estudo.
Entretanto, os indicadores da população não economicamente ativa mostrou que 69,5% deste grupo é formado por mulheres, e 52,9% não tinham instrução ou o ensino fundamental incompleto, e 21,4% eram jovens de 16 a 24 anos.
Entre as mulheres de 15 a 29 anos que não trabalhavam nem estudam tinham pelo menos um filho, de acordo com o levantamento.
“O crescimento da PNEA (população não economicamente ativa) tem sido uma preocupação de alguns estudiosos do assunto por considerarem que o país não tem aproveitado adequadamente os benefícios da ‘janela de oportunidades’ decorrentes do processo de transição demográfica que, inicialmente, leva a um aumento da população com idade para trabalha”, ressaltou a publicação.
Afazeres domésticos
O estudo mostrou ainda que, em 2014, 90,7% das mulheres ocupadas realizavam afazeres domésticos e de cuidados. Esse retrato é semelhante ao observado em 2004, quando esse percentual era de 91,3%, “mostrando que a maior preocupação das mulheres no mercado de trabalho não implica numa substituição de trabalho”, ressaltou o estudo.
O número de homens que realizam afazeres domésticos e de cuidados também aumentou. O aumento na população feminina foi de 21%, segundo IBGE.
Empregadas domésticas
Cerca de 92% dos empregados domésticos eram mulheres entre 2013 e 2014, mostrou o levantamento. No período, houve aumento de quase 18% no percentual de empregados domésticos sem carteira que contribuíram individualmente para previdência.
Renda
Em 2014, as mulheres ocupadas recebiam em média 74% da remuneração dos homens. Em 2004, esse percentual era de 70%. A pesquisa ressaltou ainda que o crescimento da formalidade no período repercute no indicador de evolução do rendimento real, considerando que foram as mulheres que apresentaram os maiores ganhos na última década, 34,2% contra 26,1% dos homens.
A maior desigualdade, porém, foi observada entre as mulheres em trabalhos informais, que recebiam 50% do salário daquelas em empregos formais. Entre os homens na mesma condição, esse percentual era de cerca de 60%.
Ou seja, as mulheres no mercado de trabalho informal ganham 50% das mulheres no mercado de trabalho informal. Há uma desigualdade entre as mulheres também, analisou André Simões, pesquisador do IBGE.
A jornada de trabalho de homens e mulheres no trabalho remunerado e não remunerado pouco se alterou nos últimos anos, informou a pesquisa.
Fonte: G1, no Rio