Mineira assassinada há 40 anos é beatificada pela Igreja Católica
O processo levou oito anos para ser concluído
A brasileira Isabel Cristina, mineira de Barbacena (MG) e falecida em 1982, foi beatificada na manhã deste sábado (10) na cidade onde nasceu.
A celebração contou com a presença de cerca de 10 mil pessoas, segundo a imprensa local.
Na tarde de ontem (11), foi celebrada uma missa em Ação de Graças pela beatificação no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena.
Após a missa, houve a transladação dos restos mortais da Beata Isabel Cristina para a Capela dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, no centro da cidade.
O processo levou oito anos para ser concluído.
Ele consistiu em coleta de depoimentos, juntada de documentos e tradução desses para o italiano.
O Papa Francisco fez o reconhecimento por meio de decreto em outubro de 2020.
A pandemia, no entanto, atrasou a realização da celebração.
Canonização x beatificação
A canonização representa um reconhecimento da santidade por toda a igreja.
Assim, a Igreja Católica como instituição, desde o Vaticano até as igrejas espalhadas em todo o mundo, reconhecem e cultuam aquela pessoa como uma santa.
Por outro lado, quando uma pessoa é beatificada significa o reconhecimento, por demanda de uma diocese ou instituição eclesiástica específica, da santidade da vida daquela pessoa.
E, assim, autoriza-se o culto público de sua honra nos limites daquela instituição e sua comunidade.
Esse reconhecimento atesta que ela teve uma vida pautada nos ensinamentos cristãos em grau de excelência.
Mas, além disso, a beata, ou beato, precisa ter operado um milagre, geralmente uma cura, algo comprovado pela igreja católica após uma série de investigações.
No entanto, existe outra forma de chegar à beatificação sem comprovar um milagre. Essa forma é a declaração do martírio.
E assim é permitido o culto público em honra dessa pessoa no âmbito dessa instituição.
O martírio é classificado pela fé católica como “a morte voluntariamente aceita por causa da fé cristã ou por causa do exercício de outra virtude relacionada com a fé”.
Foi justamente o caso de Isabel Cristina.
A moça, com 20 anos de idade na época, foi assassinada por um homem dentro de casa.
O homem havia ido montar um guarda-roupa no apartamento de Isabel e tentou violentá-la.
Ela resistiu e ele a golpeou na cabeça com uma cadeira. Em seguida, a amarrou e rasgou suas roupas.
A moça continuou resistindo ao estupro e ele a matou com 15 facadas.
Antes desse episódio, Isabel estudava, namorava e se divertia, mas tinha uma vida de oração, de fé e planejava ser médica pediatra para ajudar crianças carentes.
Segundo testemunhos colhidos pela igreja, era uma moça sensível com os mais pobres, idosos e crianças.
Na cerimônia realizada ontem, o bispo arquidiocesano de Mariana (MG), Dom Airton, fez a leitura da solicitação feita ao Papa Francisco para inscrição de Isabel Cristina como a mais nova beata da Igreja Católica.
A proclamação da beatificação foi assinada pelo Papa.
“Através de nossa autoridade apostólica evidenciamos que a venerável serva de Deus Isabel Cristina, fiel leiga, mártir, alegre testemunha da caridade evangeliza pelos enfermos por amor de Cristo até a efusão do sangue defendeu sua virgindade e dignidade seja invocada de agora em diante com o nome de Beata Isabel Cristina e possa ser celebrada no dia 01º de setembro, dia em que ela nasceu para o céu”, escreveu o Santo Padre.
AGÊNCIA BRASIL