MEC quer ampliar oferta de livros infantis em braille nas escolas brasileiras
Neste Dia Nacional do Livro Infantil – comemorado todo dia 18 de abril, em homenagem ao nascimento do escritor Monteiro Lobato –, o Ministério da Educação decidiu lembrar daquelas crianças que não escolhem um livro pela cores da capa ou pela quantidade de ilustrações em suas páginas. Esses pequenos leitores procuram, na verdade, um livro que seja escrito em braille. Afinal, por serem cegos, são seus dedos quem têm contato direto com a página, antes de sua imaginação.
“Era uma vez uma bruxinha que tinha mais de mil anos de idade e gostava muito de brincar com as amigas fadas no pé da colina onde morava”, conta Clara de Souza, de oito anos, numa referência a apenas um livro infantil entre os vários que existem na biblioteca de sua escola. Ela foi alfabetizada em braille e é rápida com a ponta dos dedos. “A história da bruxinha eu li em dez minutos”, conta, orgulhosa.
Clara é uma das alunas do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV) de Brasília. Atualmente, a instituição tem cerca de 90 crianças matriculadas em atendimento curricular específico – atividade paralela às aulas nas escolas inclusivas de educação básica regular.
Docente do instituto, a professora Helena Pereira explica que os livros são aliados na estimulação da criança cega. “Por meio deles, a gente trabalha a gramática e metodologia das palavras e isso ocorre de uma forma muito lúdica”, observa.
Segundo Helena, a leitura em braille é como um “divisor de águas” na vida da criança, já que ela ganha mais autonomia. “Tem liberdade para imaginar por meios próprios, entrando em contato mais direto com a narrativa”, destaca. Helena cita o caso de uma aluna que gostava dos livros de Monteiro Lobato, especialmente as histórias da série Sítio do Picapau Amarelo, e lamenta não ter na biblioteca toda a coleção do escritor brasileiro em braille.
Novas publicações
Ainda de acordo com o MEC, no próximo dia 24, representantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), da Diretoria de Políticas de Educação Especial do ministério e das editoras responsáveis pela confecção de livros didáticos estarão reunidos em Brasília, a fim de discutir a produção e novos formatos acessíveis à leitura para estudantes com deficiência visual. Além do livro infantil em braille, a publicação eletrônica no formato ePub é outra opção para esse público.
Ig