“Mataria de novo”, diz Maníaco do Parque antes de saída da prisão

19/09/2024 04h51 - Atualizado há 2 mêses

Biografia não autorizada revela jornada do assassino, que deve deixar prisão em quatro anos

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Biografia sobre Maníaco do Parque Foto: Divulgação

No fim da década de 90, o país acompanhou a jornada de um assassino brutal de mulheres e a caçada pelo suspeito: um motoboy. Quase 30 anos depois, detalhes inéditos da vida do serial killer brasileiro condenado pela morte de sete jovens – apesar de ele ter confessado o assassinato de nove – e pelo estupro de mais uma dezena compõem o livro Francisco de Assis, O Maníaco do Parque, assinado por Ullisses Campbell.

Lançamento da Matrix Editora, a obra está entre os mais vendidos do Brasil, figurando no Top 10 da categoria “Não Ficção” da tradicional lista de best-sellers publicada semanalmente pela revista Veja. Também ocupa o primeiro lugar na categoria Crimes Reais Biografias e Memórias na Amazon.

Neste volume que inicia a Trilogia Homens Assassinos, o jornalista, escritor e roteirista especializado no gênero true crime revela memórias, confissões e experiências do homem assombrado desde criança por sonhos macabros. O autor fez um trabalho investigativo que demorou dois anos.

A pesquisa envolveu conversas com 40 mulheres sobreviventes ao ataque do maníaco; entrevistas com familiares dele, incluindo a mãe, Maria Helena; leitura de 20 mil páginas dos processos penais e de execução e dos laudos de 12 exames feitos em Francisco por psiquiatras e psicólogos dentro da cadeia.

Da infância marcada por abusos aos relacionamentos amorosos com algumas mulheres após estar preso, a biografia não autorizada se aprofunda nos pensamentos e delírios do sedutor mitomaníaco, que escolhia e capturava as vítimas passando-se por olheiro de uma grande marca de cosméticos.

FORÇA MALIGNA

Convencido de que uma força maligna habitava seu corpo, Assis se tornava o próprio diabo: olhos fora de órbita, pupilas dilatadas e uma micro-hemorragia ocular que reforçavam o olhar demoníaco. Era essa a última imagem que as mulheres viam antes de serem estranguladas, estupradas, mordidas e deixadas em um parque na Zona Sul de São Paulo.

A pesquisa de Campbell esmiúça os laudos de exames criminais como o Teste de Rorschach ao qual Francisco foi submetido na prisão. Essa metodologia investiga aspectos de personalidade, como inveja, ódio, agressividade, impulsividade, falsidade, insensibilidade, imaturidade afetiva, frustração, traumas, fantasias, fetiches e desejos sexuais.

O resultado da análise, emitido em outubro de 1998, indica uma dissonância entre a identidade de gênero percebida e a almejada, fruto de um desejo profundo e oculto do paciente.

– Sua identificação com as figuras femininas e a expressão de uma intenção de ser como elas revelam um conflito interno significativo, sugerindo uma dissonância de gênero – aponta o laudo.

“CONTINUARIA MATANDO”

Questionado pelo delegado Sérgio Luís da Silva Alves se continuaria matando mulheres, caso não tivesse sido preso, Francisco foi taxativo ao afirmar que se fosse solto a qualquer momento, acabaria matando de novo, pois sente uma força maligna que só cresce.

Prestes a deixar a prisão, o que deve acontecer em quatro anos, o Maníaco do Parque, teoricamente, não tem para onde ir. Segundo o autor da biografia do serial killer, a família não pretende acolhê-lo e o país não possui mais manicômios judiciais. No entanto, isso não significa a inexistência de mulheres dispostas a estar com ele. Nestas três décadas, Francisco recebeu mais de mil cartas e teve pelo menos três namoradas.

Com uma narrativa fundamentada em ampla pesquisa, envolvente e chocante, Ullisses Campbell mergulha na mente, rotina e história do homem que seduziu e brutalizou mulheres, condenado a 268 anos de prisão, dos quais cumprirá 30, período máximo de reclusão no país, na época em que foi sentenciado.

Francisco de Assis, O Maníaco do Parque é um lembrete de que o mal pode se personificar e protagonizar uma existência macabra. A obra sintetiza a pior face dos desejos insanos de um homem que, em breve, estará novamente nas ruas. O Brasil está preparado para conviver novamente com um dos criminosos mais perigosos de sua história?

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