Mais de 800 migrantes entram na Espanha a partir do Marrocos em quatro dias

20/02/2017 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Cerca de 300 migrantes forçaram a cerca em torno do enclave espanhol de Ceuta, no Marrocos, três dias depois de uma entrada maciça de 498 pessoas, indicou a delegação do governo.

Mais de 850 migrantes africanos conseguiram entrar em território da União Europeia em quatro dias cruzando a barreira entre o Marrocos e o enclave espanhol de Ceuta em um contexto de tensão entre a União Europeia e o governo marroquino.

Cerca de 600 subsaharianos tentaram durante a madrugada entrar em Ceuta e 359 deles conseguiram ter acesso ao território nacional, afirmou em um comunicado a delegação do governo espanhol da cidade.

Na sexta-feira, esta instituição indicou que 498 migrantes conseguiram forçar a cerca dos 700 que tentaram.

Depois de forçar a cerca, os migrantes subsaarianos festejaram gritando obrigado, Senhor e estou na Europa, de acordo com as imagens captadas pelo jornal local El Faro de Ceuta.

Nas ruas, alguns dos jovens que chegaram até Ceuta beijavam o chão gritando Viva a Espanha!. Vários estavam feridos, com as mãos ou os pés ensanguentados e as roupas rasgadas.

Muitos precisaram receber atendimento médico.

A vigilância desta fronteira terrestre de 8 quilômetros de extensão é realizada por Espanha e Marrocos, mas este último não goza de excelentes relações com Bruxelas e deu a entender que poderia relaxar seu controle sobre os migrantes.

A entrada de migrantes desta segunda-feira coincide com uma cúpula bilateral franco-espanhola em Málaga, no sul da Espanha.

A Espanha tem em Ceuta e seu outro enclave norte-africano, Melilla, as únicas fronteiras terrestres entre a África e a União Europeia.

- Disputa Rabat-Bruxelas -

As relações entre o Marrocos e a União Europeia não passam por um bom momento e o reino alauita lança sutis ameaças de relaxar os controles migratórios.

As diferentes interpretações de um acordo de livre comércio dos produtos agrícolas e pesqueiros é o motivo da disputa.

No final de 2016, o Tribunal de Justiça da UE avaliou que no Saara Ocidental, antiga colônia espanhola controlada por Rabat, este acordo não era aplicável, levando em conta o estatuto separado e distinto deste território em relação ao Marrocos reconhecido pelas Nações Unidas.

Desde então, associações que apoiam a Frente Polisario, que reclama a independência do Saara Ocidental, protestam contra várias operações comerciais entre o Marrocos e os países europeus que afetam os produtos chegados do Saara.

O ministério marroquino da Agricultura advertiu no início do mês que a Europa se expõe a um verdadeiro risco de reativação dos fluxos migratórios que o Marrocos, com base em um esforço concreto, conseguiu gerenciar e conter.

A entrada de migrantes desta segunda aconteceu horas antes da abertura de uma cúpula bilateral franco-espanhola em Málaga (sul da Espanha), presidida por François Hollande e Mariano Rajoy.

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