Lesa Pátria: PF prende três empresários suspeitos de financiar acampamentos

01/03/2024 04h16 - Atualizado há 8 mêses

25ª fase da operação também cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e 7 monitoramentos com tornozeleira eletrônica

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Ao todo são 34 mandatos judiciais

DENNY CESARE/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente nesta quinta-feira (29) três empresários suspeitos de financiar os atos criminosos do dia 8 de janeiro de 2023.

Dois desses mandados foram cumpridos no Distrito Federal. Os empresários Joveci Xavier Andrade e Adauto Mesquita, sócios de uma rede varejista no DF, responderão ao processo atrás das grades. As prisões preventivas foram feitas por volta de 6h45 desta quinta. Ambos foram levados à sede da PF, em Brasília.

Já o terceiro alvo da 25ª fase da Operação Lesa Pátria é do estado de São Paulo. O empresário de Campinas (SP) Diogo Arthur Galvão gravou vídeos dentro dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro e divulgou o pix para a caravana até Brasília. Ele já havia sido alvo de busca e apreensão.

Ao todo, são 34 mandados judiciais — sendo 24 mandados de busca e apreensão, três de prisão preventiva e sete de monitoramento com tornozeleira eletrônica — todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As ações da PF ocorrem nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal.

Quem são os empresários de Brasília alvo da operação

Segundo a investigação, Adauto teria feito doações de R$ 1.300 — de forma fracionada — ao acampamento em frente ao quartel-general do Exército.

A apuração também aponta que os dois criaram um grupo de WhatsApp para arrecadar dinheiro para aluguel de lonas aos acampados em frente ao Exército.

Eles forneciam, semanalmente, alimentos e água para os acampados e também bancavam parte do pagamento pelos banheiros químicos instalados na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília, ainda segundo a PF.

Os dois foram ouvidos na Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Legislativa do DF (CPI-DF), que investigou os atos antidemocráticos no ano passado.

O empresário Joveci Xavier de Andrade foi desmentido pelos deputados no início da sessão. Quando foi perguntado pelo presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), se ele participou ou não dos atos, o empresário respondeu de maneira direta que não participou.

“Senhor presidente, falando também por mim, não pelo meu sócio, eu não participei. De nenhum ato.”

Logo em seguida, Chico Vigilante mostrou uma foto do depoente postada nas redes sociais durante a manifestação em que Joveci estava com a camisa do Brasil e com uma placa dizendo: “Supremo é o povo”.

Posteriormente, ele respondeu dizendo que entendeu “participar” de forma diferente. “Eu não entendi ‘participar’ como ir lá. Ir ao QG, eu fui umas três vezes. Entendi o participar de forma diferente”, explicou.

Já Adauto, também na CPI, confirmou que fez três doações “pequenas” para o acampamento. “Tive quatro doações pequenas que estão aqui, no meu extrato. Uma de R$ 100, de R$ 110 e outra de R$ 1 mil. Foram três”, disse o empresário. Ele negou ter pago um trio elétrico.

Defesa

O advogado Iure de Castro, que defende os dois empresários, disse considerar a realização de apurações pelo Estado válida, e que os investigados têm agora a oportunidade de elucidar completamente as questões em aberto.

A defesa reiterou o compromisso dos clientes com a democracia, o Estado de Direito, o respeito às instituições, ao processo eleitoral, ao Ministério Público e ao Judiciário, com especial ênfase na sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal.

O advogado afirmou que não obteve acesso à decisão emitida pelo STF, mas ressalta que, desde o início, houve esforços para esclarecer todos os fatos, compromisso que será mantido perante a Suprema Corte.

A defesa de Diogo, empresário de Campinas, não foi encontrada. O espaço está aberto.

Elijonas Maia e Brenda Silva da CNN