Inflação fecha 2023 em 4,62%, abaixo do teto da meta estabelecida pelo Banco Central

12/01/2024 04h58 - Atualizado há 10 mêses

Perda do ritmo do IPCA, no acumulado dos 12 meses, foi puxada pelos preços dos alimentos, transportes e habitação, mostra IBGE

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IPCA ficou abaixo do teto da meta

AGÊNCIA BRASIL (ARQUIVO) / MARCELLO CASAL JR.

A inflação no Brasil encerrou 2023 em 4,62%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor é 0,13 pontos percentuais abaixo do teto da meta, que era de 4,75%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta entre 1,75% e 4,75% foi estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CVM), em dezembro passado. Ao longo de 2023, não foram observadas oscilações constantes no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Em nenhum dos meses o índice chegou a 1%. Apenas no mês de junho ocorreu deflação (-0,08%).

A inflação oficial de preços do Brasil terminou 2022 com alta de 5,79% e furou pelo segundo ano consecutivo o teto da meta de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 2% a 5%). De acordo com o IBGE, o desempenho foi influenciado pelo aumento de preço dos alimentos, das roupas e dos itens de saúde e cuidados pessoais.

Na comparação com os últimos nove anos, as maiores altas foram em 2015, quando tivemos inflação de 10,67%, e em 2021, quando o índice alcançou 10,06%.

O IPCA de dezembro foi de 0,56%, segundo o IBGE. O número é 0,28 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de novembro (0,28%). Em dezembro de 2022, a variação havia sido de 0,62%.

Os vilões

O IBGE informou que o resultado de 2023 foi puxado principalmente pelo grupo Transportes, que teve alta de 7,14% - maior impacto, com 1,26 pontos percentuais no acumulado do ano. Em seguida, aparecem Saúde e cuidados pessoais (6,58%, com impacto de 0,86 p.p.) e Habitação (5,06%, com impacto de 0,77 p.p.). Grupo de maior peso no IPCA, Alimentação e bebidas cresceu 1,03% no ano.

Em Transportes, com alta de 12,09%, o subitem gasolina foi o de maior peso entre os 377 subitens que compõem o IPCA. O impacto corresponde a 0,56 p.p. Emplacamento em licença teve alta de 21,22% (0,53 p.p.), enquanto passagens aéreas subiram 47,24% (0,32 p.p.).

O IBGE informou que os preços dos automóveis novos tiveram alta de 2,37%, em um ritmo menor do que em 2022, quando o crescimento foi de 8,19%. Em 2023, os automóveis usados tiveram recuo em relação ao ano anterior: -4,80%.

A maior contribuição para o resultado entre os subitens de Saúde e cuidados pessoais foi plano de saúde, com alta de 11,52%, índice que teve impacto de 0,43 p.p. O desempenho foi consequência da medida adotada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos em 9,63%, entre maio de 2023 a abril de 2024.

Outro subitem destacado pelo IBGE foi o de produtos farmacêuticos, que teve alta de 5,83%. Os preços dos medicamentos tiveram reajuste de até 5,6% a partir de 31 de março de 2023.

O terceiro item que mais influenciou o IPCA de 2023 foi Habitação, que teve na energia elétrica residencial seu subitem com maior impacto – alta de 9,52% e 0,37 p.p. O IBGE ressaltou que a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional nas faturas, vigorou ao longo de todo o ano de 2023. Taxa de água e esgoto (10,08%), condomínio (6,74%) e aluguel residencial (3,21%) foram outros destaques. Houve queda de 6,89% no preço do gás de botijão, com impacto de -0,10 p.p. no acumulado do ano.

Alimentação

A pesquisa do IBGE aponta que Alimentação e bebidas, considerado o principal item do IPCA, teve crescimento de 1,03%, influenciado pela queda nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%). Óleo de soja caiu 28% (impacto de -0,09 p.p.), frango em pedaços, reduziu 10,12% (-0,07 p.p.) e as carnes caíram 9,37% (-0,27 p.p.).

Os preços do óleo de soja recuaram em dez dos 12 meses de 2023. Os preços das carnes e do frango em pedaços caíram de janeiro a setembro e, a partir de outubro, voltaram a registrar alta. A alimentação fora do domicílio teve alta de 5,31%, a refeição subiu 4,34% e o lanche cresceu 7,24%.

Laísa Lopes, Rafaela Soares e Lucas Nanini, do R7, em Brasília