Fiocruz detecta potencial do zika vírus ser transmitido por saliva e urina

06/02/2016 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) disse nesta sexta-feira (5), véspera do Carnaval, que detectou a presença de zika vírus ativo, ou seja, com potencial de infecção, na saliva e urina. A transmissão, no entanto, ainda não foi confirmada.

A evidência, baseada na análise de amostras de dois pacientes com sintomas compatíveis com a doença, é inédita e pode ou não ser relevante –a forma de transmissão da zika até hoje comprovada é pela picada do mosquito Aedes aegypti. No entanto, o estudo sugere a necessidade de investigar mais outras vias de transmissão, disse a entidade, vinculada ao Ministério da Saúde e referência no assunto.

Ainda não sabemos se ele faz o mesmo percurso até o conjunto do organismo. Teremos que fazer outras pesquisas para chegar a essa conclusão, disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.

Mas pode beijar no Carnaval?

A evidência de hoje não traz base para que as pessoas deixem de ir ao Carnaval. Mas para as gestantes, que têm potencial maior de contaminação, a recomendação é evitar

Paulo Gadelha

Não podemos afirmar hoje que não há possibilidade de contaminação, ressaltou. Sim, é possível que o vírus se replique nesses meios. A partir daí, todas as questões estão em aberto.

Por isso, a orientação é que as gestantes evitem locais de grande aglomeração, como o Carnaval, por uma questão de cautela. Mas apenas as gestantes. Além disso, seria uma situação infundada, disse.

As recomendações para as grávidas incluem evitar beijar qualquer pessoa e evitar compartilhar de copos e talheres até que as pesquisas avancem.

Com a possibilidade de contágio pela saliva, a zika se assemelharia a doenças como mononucleose, a chamada de doença do beijo, herpes e candidíase (sapinho). Também está em análise uma suspeita de transmissão sexual da doença, que aconteceu nos Estados Unidos.

A zika costuma ter assintomática e 80% dos casos sequer manifesta sintomas. No entanto, os efeitos do vírus em bebês ainda intrigam cientistas. Evidências apontam que a microcefalia pode ser apenas um dos danos neurológicos da síndrome fetal associada a zika. Até o início da semana, eram 3.670 casos de microcefalia em investigação, além de 404 bebês com microcefalia ou síndromes neurológicas confirmadas.

Além disso, casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré associada ao vírus estão sendo largamente notificados. A síndrome é uma condição na qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia.

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