Fake news da taxação faz cartão tomar lugar do Pix no comércio

18/01/2025 05h05 - Atualizado há 2 mêses

Relato dos lojistas se dividem, mas maioria garante que público agora prefere pagar só com cartão

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Autônoma, Nilza recebe pagamento em dinheiro das mãos de cliente. (Foto: Henrique Kawaminami)

A fake news sobre a taxação do Pix surtiu efeitos na vida de quem trabalha com o comércio no Centro de Campo Grande.

Subgerente de uma loja de cosméticos, Vanessa Alves, de 34 anos, conta que o público parou de usar o Pix. “Sim, a gente viu a diferença, principalmente de pessoas aqui costumam comprar nessa faixa de preço (mais de 100 reais)”, explica.

Os produtos com mais saída, segundo ela, ligados à linha de cabelo são os mais caros e por essa razão muitos têm optado pelo parcelamento. Mas, no geral, independente da faixa de preço, os clientes têm comprado mais e pagado só no cartão.

O que para os lojistas não é bom negócio, já que preferem receber em dinheiro ou no Pix, já que no crédito o empresário pode levar até 30 dias para receber o valor da compra na conta.

Há oito anos, Nilza Kadena, de 72 anos, vende empadas na Rua 14 de Julho e nos últimos dias tem comprado os insumos só no dinheiro após fake news de que as movimentações financeiras no Pix seriam taxadas pelo Governo Federal.

Para Nilza, só os donos de comércio devem ter sentido a mudança, já que recentemente os próprios comerciantes a aconselharam a fazer as compras dos ingredientes e quitar só com o dinheiro.  Mas, hoje, ao saber que a taxação era mentira, a autônoma afirmou que voltará a usar o Pix.

A autônoma explica que o comportamento de quem compra as empadas não mudou. O cartão, seja de débito ou crédito, assim como Pix continuaram a ser as formas de pagamento apresentadas dia a dia pelos clientes.

Na loja de maquiagens onde Camila Costa de Araújo, de 35 anos, trabalha, a maioria continua usando o cartão de débito para pagar as compras. Essa, segundo ela, sempre foi a escolha mais frequente dos clientes. “A gente tem bastante venda no débito e como são compras de menor valor, os clientes optam por essa forma de pagamento”, completa.

Fake news - A AGU (Advocacia-Geral da União) encaminhou, nessa quarta-feira (15), ofício à Polícia Federal solicitando a abertura de um inquérito para investigar a disseminação de informações falsas e a prática de golpes relacionadas à suposta taxação do Pix.

Mesmo com o esclarecimento, a repercussão negativa levou à revogação da medida pela Receita Federal nesta quarta. O Executivo agora busca responsabilizar os responsáveis pela disseminação de notícias falsas, argumentando que a desinformação "[...] prejudica a legitimidade das instituições democráticas e o funcionamento do Estado de Direito".

Por Jéssica Fernandes e Clara Farias

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