Faixa de Gaza pode se tornar inabitável em 2020, afirma ONU

03/09/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

A Faixa de Gaza pode se tornar inabitável em 2020 se o atual cenário econômico da região persistir, afirma o Relatório de Comércio e Desenvolvimento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Divulgado nesta quarta-feira (2), o relatório responsabiliza os oito anos de bloqueio israelense apoiado pelo Egito e as três operações militares de Israel ocorridas desde 2008 pela deterioração da Faixa, que descreve como reversão do desenvolvimento por devastar a infraestrutura já debilitada de Gaza.

Acabaram com sua base produtiva, não deixaram tempo para uma reconstrução ou uma recuperação econômica significativa e empobreceram a população palestina em Gaza, de modo que seu bem-estar econômico piorou com relação ao nível de duas décadas atrás, indica o relatório.

A situação se agravou com a última operação militar de 2014 que causou o deslocamento de 500 mil pessoas e a destruição ou danos graves a 20 mil casas, 148 escolas, 15 hospitais e 45 centros de atendimento de saúde.

O documento da Unctad lembra que três anos antes do último conflito, a ONU realizou um estudo para fazer a previsão das condições em 2020 no enclave litorâneo, onde era esperado um aumento da população de 1,6 milhão para 2,1 milhões de habitantes.

A pesquisa concluía que para Gaza ser um lugar habitável, necessitaria acelerar esforços hercúleos em setores como a saúde, a educação, a energia, a água e o saneamento.

Mas, em vez destes esforços, a tragédia de Gaza se deteriorou e a destruição de 2014 acelerou a reversão de seu desenvolvimento, critica.

O documentos adverte que o apoio dos doadores é necessário mas não suficiente para a recuperação e o desenvolvimento da Faixa de Gaza e destaca o fato de que em maio deste ano nenhuma das casas danificadas tinha sido reconstruída e nem tinham sido alcançados progressos na melhora das infraestruturas afetadas.

Em maio, só tinham sido desembolsados 27% dos US$ 5 bilhões prometidos na conferência do Cairo para a Palestina. Desse valor, US$ 3,5 bilhões foram destinados à reconstrução da Faixa após o cessar-fogo que pôs fim em agosto de 2014 a 51 dias de enfrentamentos entre Israel e as milícias palestinas, que causaram a morte de mais de 2,2 mil palestinos e 73 israelenses.

Para o povo palestino é muito mais necessário assegurar seu direito humano ao desenvolvimento em virtude do direito internacional que a ajuda dos doadores, afirma o documento, que ressalta a capacidade de auto-suficiência dos cidadãos, impossível, no entanto, sob as condições do bloqueio e a destruição periódica da infraestrutura e os ativos privados.

Se continuar assim, Gaza voltará a ser economicamente inviável e as condições socioeconômicas já sombrias podem se deteriorar.

O resultado provável serão mais conflitos, pobreza em massa, alto desemprego, escassez de eletricidade e água potável, assistência sanitária insuficiente e uma infraestrutura em vias do colapso. Definitivamente, Gaza será inabitável, sentencia o documento.

Fonte: G1 com Agência Internacional