Extremista de direita admite que medidas são “antipáticas”, mas critica panelaços na Argentina
Segundo o presidente, alguns argentinos “estão apaixonados pelo modelo que os empobrece”, mas não é a maioria da população
O presidente da Argentina, Javier Milei, atribuiu o panelaço que sofreu na noite de ontem, a “pessoas que sofrem de síndrome de Estocolmo”. O protesto aconteceu na noite de quarta-feira (20), após o anúncio de um mega-decreto que desregula diferentes setores da economia argentina e revoga várias leis.
“Pode ser que tenha gente que sofre de Síndrome de Estocolmo”, disse Milei à rádio argentina Rivadavia, quando questionado pelo panelaço registrado em diferentes cidades, principalmente na capital Buenos Aires, onde milhares de pessoas se reuniram para protestar diante do Congresso, cerca da meia-noite.
Segundo ele, alguns argentinos “estão apaixonados pelo modelo que os empobrece”, mas não é a maioria da população. “A República está em risco com o populismo, não com a liberdade”.
Em sua primeira transmissão em rede nacional de rádio e televisão, na noite desta quarta-feira (20), o presidente argentino anunciou um Decreto Necessidade e Urgência que inclui mais de 300 reformas para desregular a atividade produtiva e econômica do país.
Diferentes constitucionalistas defendem que o decreto, que revoga diferentes leis, é “inconstitucional” e que atropela funções do poder Legislativo.
Milei também classificou de “antipática” as próprias medidas, que considera necessárias para diminuir o déficit fiscal do país.
“O que estamos fazendo é melhorar a macroeconomia. É um pacote de estabilização, em que muitas coisas não são simpáticas, são para resolver a inflação”.
Após o anúncio o governador de Buenos Aires e um dos principais líderes da oposição a Milei, o kirchnerista Axel Kicillof, postou em uma rede social que “de costas para a divisão de poderes, [o presidente] anuncia um decreto que sem necessidade nem urgência pretende revogar um conjunto de leis de todo tipo”.
“Assim, quer privatizar tudo, desregular tudo, destruir direitos dos trabalhadores, arrasar com setores completos de produção, rifar os clubes de futebol e o patrimônio dos argentinos. Tudo isso, sem passar pelo Congresso que poderia realizar sessões e discuti-lo”, escreveu o governador.
O decreto assinado por Milei pode ser rejeitado se houver maioria contrária na Câmara de Deputados e no Senado do país.
Luciana Taddeo, colaboração para a CNN