Estudantes brasileiros ganham prêmio mundial de inovação com projeto para mulheres

04/07/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos

O Brasil está no topo mundial da inovação. É que os alunos de robótica do Colégio Liceu Franco-Brasileiro, no Rio de Janeiro, acabam de conquistar o prêmio Global Innovation, da organização norte-americana FIRST. A premiação reconhece as principais inovações desenvolvidas por estudantes de robótica em todo o mundo. O projeto da equipe FrancoDroid, o Cosmocup (coletor menstrual para astronautas), também venceu a votação pela internet. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (2), na Califórnia, Estados Unidos. 

Para a professora e técnica da equipe, Rosângela Nezi, o prêmio valoriza as ideias e pensamentos de toda uma geração. Estamos muito emocionados e, por isso, não podíamos deixar de agradecer a todos que votaram em nós, torceram, nos deram dicas de aprimoramento e que mandaram vibrações positivas. Técnicos, mentores, colaboradores, professores, amigos e familiares, todos foram fundamentais para chegarmos aqui. Este foi um capítulo inédito de nossa história, que este ano completa 10 anos. Encerramos nossa temporada concretizando um sonho e com um gostinho de quero mais para as próximas que estão vindo, diz. 

Neste ano, mais de 40 mil equipes de 74 países participaram dos torneios de robótica FIRST LEGO League. Todas elas estavam aptas a concorrer ao prêmio Global Innovation. Apenas 20 foram selecionadas como finalistas, como a carioca FrancoDdroid. No Brasil, desde 2013 o organizador oficial dos torneios de robótica é o Serviço Social da Indústria (SESI).

Com a conquista, a equipe brasileira ganha um prêmio de U$ 20 mil (cerca de R$ 80 mil reais), valor que deve ser investido no desenvolvimento do projeto ou em atividades relacionadas à robótica.

O PROJETO PREMIADO – Assim que souberam o tema da temporada de robótica em agosto de 2018, Into Orbit (Em Órbita), os  alunos do Colégio Liceu Franco-Brasileiro começaram a refletir sobre o projeto a desenvolver. Na pesquisa, eles constataram que, para participar de uma missão espacial, cada mulher levava, em média, 3.600 absorventes. 

“Hoje elas levam 1.100 pílulas anticoncepcionais, conta Mariana Araújo, 15 anos, do 1º ano e membro da equipe FrancoDroid. Mas muita mulher não pode tomá-las ou utilizar qualquer outro método, então elas ficam impossibilitadas de se tornarem astronautas, completa.

Foi aí que os adolescentes da equipe criaram o CosmoCup, um coletor menstrual espacial, ou seja, um reservatório pessoal de coleta de sangue menstrual. Considerando a gravidade, o coletor impede que o sangue se espalhe pela aeronave. Entre os benefícios estão a praticidade, a inexistência de possíveis efeitos colaterais hormonais pelo uso de pílulas que impedem o ciclo menstrual e o fato de ser mais higiênico que absorventes. 

Esse projeto pode trazer independência e a possibilidade de mais mulheres ficarem à vontade para participar de viagens espaciais” - Analu de Sá

O projeto foi apresentado a professores do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Para a professora de Biologia Analu de Sá, a iniciativa de produzir o CosmoCup é de extrema relevância para o maior engajamento das mulheres dentro da área de ciência e tecnologia, principalmente na astronomia.

“O CosmoCup vem como uma inovação, visto que o coletor não gera lixo e representa menos risco para a saúde das mulheres, já que neutraliza a liberação de toxinas presentes nos absorventes regulares. Eu entendo que esse projeto pode trazer independência e a possibilidade de mais mulheres ficarem à vontade para participar de viagens espaciais”, completa. 

Editoria: Educação

Por: Sirlei Pires

Fotos: FLL e José Paulo Lacerda

Da Agência CNI de Notícias