Empresas pegas na Lava Jato serão processadas nos EUA

28/03/2016 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Os Estados Unidos já puniram dirigentes da Fifa por atos de corrupção praticados em outros países. Agora, as mesmas bases legais deverão ser usadas pelo governo americano para processar empresas brasileiras condenadas na Operação Lava Jato. A revelação foi feita pelo ex-assessor da Casa Branca Joel Velasco em entrevista à BBC Brasil.

Velasco trabalhou com o ex-vice-presidente Al Gore e serviu como conselheiro sênior na embaixada americana no Brasil no governo Bill Clinton. Segundo ele, a operação brasileira representa um caso sem precedentes para autoridades dos Estados Unidos.

A reportagem destaca que procuradores americanos e brasileiros trocam informações sobre a Lava Jato há algum tempo, até agora sabe-se que o Departamento de Justiça dos EUA também investiga o papel da Petrobras no escândalo.

No entanto, Velasco defende que, em algum momento, coloque-se um ponto final nas investigações da Lava Jato.

Assim como no fim da ditadura tivemos de reconhecer os erros, prometer nunca mais repeti-los e perdoar os que erraram, no caso da Lava Jato isso vai ser necessário. De chegar num momento em que se diga que investigamos o que deu, que certamente houve outros erros, mas que os maiores culpados estão pagando e é importante que o Brasil comece uma nova fase, avaliou o ex-assessor da Casa Branca.

Velasco observou também que é uma questão de tempo até que as autoridades americanas cheguem a todas as subsidiárias da petrolífera e construtoras implicadas no caso. Dezenas de empresas estão envolvidas na operação, entre as quais algumas das maiores construtoras brasileiras. Várias delas já tiveram dirigentes presos e condenados pela Justiça no Brasil.

A reportagem da BBC explica que o Foreign Corruption Practices Act (legislação nos EUA que trata da corrupção de empresas no exterior) e outras leis permitem que o governo americano processe qualquer companhia estrangeira por atos de corrupção executados fora dos Estados Unidos, desde que a empresa tenha algum vínculo com o país.

Veslaco nasceu nos EUA, é filho de brasileiros e passou boa parte da juventude no Brasil. Hoje ele é vice-presidente do Albright Stonebridge Group, uma consultoria baseada em Washington.

O ex-assessor da Casa Branca destaca que a condição dos EUA processar empresas de outros países se aplica a quase todas as companhias denunciadas na Lava Jato. Segundo ele, as investigações deverão render às empresas multas altíssimas nos Estados Unidos, além das que, eventualmente, sejam condenadas a pagar no Brasil.

POR NOTÍCIAS AO MINUTO