Dívida de Malafaia com a União dispara 843% e chega a R$ 17 milhões

23/08/2025 09h53 - Atualizado há 6 horas

Montante milionário é devido por editora de livros de Silas Malafaia; à coluna, pastor diz que seus advogados estão renegociando a dívida

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Matheus Veloso/Metrópoles

Na mira da Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia, dono e fundador da Igreja Assembleia de Deus, acumula dívidas tributárias com a União que somam mais de R$ 17 milhões.

Quase a totalidade desse valor – R$ 16.983.200,80, para ser mais preciso – é devido pela Editora Central Gospel LTDA. A empresa foi aberta há 26 anos por Silas Malafaia e a esposa, a também pastora Elizete Malafaia, e, em 2019, entrou em recuperação judicial. Uma outra pequena parte, de R$ 46.388,42, é devido pela Assembleia de Deus.

O montante devido à União pela editora inclui R$ 6,9 milhões em débitos previdenciários e R$ 10,1 milhões em demais débitos, segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) consultados pela coluna.

O valor é 843%, isto é, quase 10 vezes maior que a dívida ativa à União da Central Gospel em 2021. Naquele ano, a empresa devia cerca de R$ 1,8 milhão.

No processo de recuperação judicial, a Central Gospel tem arcado com outras dívidas que somam R$ 15,6 milhões. Nesses casos, os credores são dezenas de empresas – de microempreendedores a grandes bancos – e trabalhadores, não mais a União.

À coluna, Silas Malafaia reconheceu ambas as dívidas. Em relação aos débitos tributários com a União, afirmou que seus advogados estão em processo de negociação para quitá-los. “Sobre os outros credores, eu já estou pagando na recuperação judicial, que já foi concluída, já foi homologada. Já estou pagando há dois anos isso”, complementou o pastor. O advogado dele também se manifestou sobre o assunto (leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem).

Entenda investigação da PF envolvendo Silas Malafaia

O pastor Silas Malafaia teve o celular apreendido logo após desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa, na quarta-feira (20/8). De acordo com a investigação da PF, o líder religioso teria atuado em ações coordenadas de desinformação e pressão sobre integrantes do Judiciário para favorecer interesses do grupo ligado ao ex-presidente.

O mandado de busca e apreensão foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes considerou que a perícia realizada pela Polícia Federal no celular apreendido de Jair Bolsonaro indica que Silas Malafaia “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado que tem por finalidade coagir os ministros do STF e outras autoridades brasileiras”. O ministro ressalta que as atitudes apontam atos no sentido de coação no curso do processo e tentativa de obstrução à Justiça.

O magistrado também proibiu Silas Malafaia de se ausentar do Brasil, com cancelamento de todos os passaportes do pastor, tanto nacionais quanto estrangeiros. Moraes ainda proibiu o religioso de se comunicar com todos os investigados do núcleo do Jair Bolsonaro (PL) em trama golpista, além de também proibir a comunicação com Eduardo Bolsonaro, hoje nos Estados Unidos, por qualquer meio, inclusive pelo intermédio de terceiros.

Ao Contexto Metrópoles o pastor disse que troca de aparelho celular com frequência e que não tem medo em relação ao material encontrado pela Polícia Federal.

Advogado de Silas Malafaia diz que recuperação judicial de editora já foi encerrada

Questionado sobre as dívidas vinculadas ao pastor Silas Malafaia, o advogado Jorge Vacite Neto enviou a seguinte nota:

“A fim de evitar qualquer descumprimento das condutas legalmente previstas, informamos que os débitos fiscais encontram-se em processo de revisão interna, a fim de possibilitar sua regularização nos valores corretos.

Quanto ao processo de reestruturação econômico-financeira da empresa (recuperação judicial), considerando as informações públicas, esclarecemos que o mesmo foi encerrado (arquivado) com o integral cumprimento de todas as fases e obrigações por parte da Editora Central Gospel.

Esse cumprimento foi devidamente atestado pela ilustre magistrada que conduziu o processo, com a devida fiscalização do administrador judicial e também do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.”

Tácio Lorran, Manuel Marçal

METRÓPOLES