DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA: Fazendeiro golpista preso no Pará por ameaçar Lula já foi alvo de R$ 625 mil em multas por crime ambiental
Degradações ambientas geraram embargos, autuações e duas multas no sudoeste do Pará. Homem foi preso em Santarém e alvo de mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira.
Arilson Strapasson, preso por suspeita de ameaçar o presidente Lula, já foi autuado por crimes ambientais pelo Ibama e levou multas de R$ 625 mil por desmatamento na Amazônia.
Fazendeiro, o bolsonarista já atuou também como garimpeiro, participou e financiou atos golpistas no Pará, segundo ele mesmo informou à Polícia Federal quando foi preso na quinta-feira (3) por suspeita de ameaça contra o presidente Lula.
Ele relatou aos policiais que invadiu a Câmara de Deputados em 8 de janeiro e participou e financiou manifestações em frente a um quartel em Santarém. Já as multas foram por desmatamento em 2015 e 2020 na região de Novo Progresso, segundo o Ibama (Leia mais abaixo).
Da região Sul do país, o fazendeiro se estabeleceu no Pará e vive em Novo Progresso, no sudoeste do estado. Ele costuma ir a Santarém comprar insumos para sua fazenda.
Foi em Santarém, onde foi preso por proferir ameças contra o presidente Lula. O g1 tenta contato com a defesa e a família dele.
Já Novo Progresso foi onde a PF prendeu o suspeito de ser o maior devastador da Amazônia. A cidade foi a que mais deu votos no Pará ao ex- presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições: quase 83% dos votos.
Endereços de Arilson foram alvo de dois mandados de busca e apreensão da Polícia Federal nesta sexta-feira (4) para "levantar mais elementos de convicção". Procurada, a PF não deu detalhes sobre as buscas.
Um vigilante suspeito de espalhar ameaças contra o presidente Lula (PT) também foi alvo de mandado e liberado após prestar depoimento à Polícia Federal (PF).
Multas de R$ 625 mil
Segundo o Ibama, foram estabelecidas duas multas contra Arilson, uma de R$ 235 mil em 2015 e outra de R$ 390 mil em 2020. O Ibama não confirmou se as multas foram pagas.
As degradações ambientais geraram dois embargos e duas autuações. Umas das áreas embargadas tem área de 77 hectares e fica em Novo Progresso.
A ação civil pública foi movida pelo Ministério Público Federal e ele foi alvo de processo ambiental da Vara da Justiça da Justiça Federal de Itaituba. A advogada que o defendeu foi nomeada pela Justiça que entendeu que ele não tinha "condições de arcar com advogado particular".
Atos golpistas e ameaça contra o presidente
Quando foi preso pela Polícia Federal na quinta-feira (3), o fazendeiro relatou que foi a Brasília e participou da invasão à Câmara de Deputados em 8 de janeiro. A PF não passou informações sobre investigação dele pela participação nos atos golpistas.
Antes, o fazendeiro participou e financiou com R$ 60 mil as manifestações em frente a um batalhão ligado ao Exército em Santarém, sendo R$ 1 mil a cada dia, por dois meses.
Foi em Santarém que ele foi preso na quinta-feira (3) por ameças feitas na quarta(2) enquanto ele comprava bebidas em uma loja. Ele disse que atiraria no presidente Lula e perguntou a quem estava no local se sabiam o hotel em que Lula ficaria hospedado no estado.
De acordo com a Polícia Federal, com ele foi encontrado um comprovante de compra e venda de um imóvel na região no valor de R$ 2,5 milhões, mas não foram informados detalhes sobre a propriedade.
Nesta sexta-feira (4), a Polícia Federal realiza buscas em endereços dele e não confirmou o que foi apreendido e as cidades onde os dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A Justiça Federal determinou restrições de circulação para Strapasson em Alter do Chão e que ele seja monitorado por tornozeleira eletrônica.
O inquérito instaurado segue em andamento e ele pode responder pelos crimes de ameaça e incitação de atentado contra autoridade por motivação política.
O presidente Lula estará no Pará nos próximos dias. Na segunda-feira (7), ele participa de programação em Santarém. Já na terça-feira (8) e na quarta (9) ele estará em Belém para a Cúpula da Amazônia, que reunirá presidentes para discussões ligadas à Amazônia e a COP.
Por Valéria Martins, Taymã Carneiro e Silvia Vieira, g1