Líder da bancada do PSol na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Guilherme Cortez protocolou um pedido no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para descontar do salário do de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) os dias em que o governador esteve em Brasília para articular a anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para o parlamentar, a ida para negociar uma pauta nacional configura uso indevido do recurso público e da autoridade do cargo por parte de Tarcísio de Freitas.

“O governador usou seu tempo de trabalho, seus recursos financeiros e sua autoridade como governador de São Paulo para atuar em defesa da impunidade para criminosos condenados por tentativa de golpe de Estado. Isso é inaceitável”, afirmou Cortez.

“Enquanto os serviços públicos do estado enfrentam cortes e precarização, o governador se ausenta para fazer lobby por anistia”, completou.

As viagens de Tarcísio fazem parte de um pedido de impeachment protocolado pelo PT e o PSol na semana passada contra o governador de São Paulo.

Guinada bolsonarista

Em ao menos duas semanas diferentes, o governador foi a Brasília para negociar a anistia de Bolsonaro, seu padrinho político. Na capital federal, Tarcísio se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), filiado ao mesmo partido do chefe do Executivo paulista.

As idas à capital federal fazem parte de um endurecimento de Tarcísio nas demandas bolsonaristas.

Após ser criticado pelos aliados do ex-presidente, o governador de São Paulo resolveu abraçar as demandas do grupo e, em poucos dias, prometeu indulto ao ex-presidente caso fosse eleito ao Planalto em 2026 e atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial Alexandre de Moraes, a quem comparou com um “tirano”.

Para especialistas, as idas de Tarcísio à Brasília têm mais efeito como acenos aos eleitores de Bolsonaro do que como medidas necessárias para garantir o avanço da anistia, que pode ser barrada pelo STF.

Nesta semana, o governador recebeu, de Moraes, autorização para visitar Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, no próximo dia 29/9.

Ramiro Brites

METRÓPOLES