Crimes contra muçulmanos aumentaram 300% no Reino Unido

24/11/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

Os crimes de ódio contra muçulmanos aumentaram 300% no Reino Unido na semana que se seguiu aos atentados de 13 de novembro em Paris, segundo dados divulgados nesta segunda-feira(23).

Uma “ampla e imensa maioria” dos 115 ataques registrados foram contra mulheres e jovens muçulmanas, entre 14 e 45 anos, que se vestiam de acordo com a tradição islâmica, informou o diário The Independent, com base em relatório de um grupo de trabalho interministerial.

Os autores dos ataques foram majoritariamente homens brancos entre 15 e 35 anos.

O relatório admite que o número real de ataques é superior ao que foi divulgado.

O documento baseia-se em dados registrados pela linha telefônica de ajuda Tell Mama, dirigida às vítimas de ataques verbais ou físicos contra muçulmanos ou mesquitas.

Grande parte dos ataques denunciados ocorreu em locais públicos, como autocarros e comboios.

“Muitas das vítimas disseram que ninguém as ajudou ou sequer consolou, o que significa que se sentiram vitimizadas, envergonhadas, sozinhas e zangadas com o que lhes tinha acontecido”, acrescentou o jornal, citando o relatório.

“Dezesseis vítimas disseram que receiam sair no futuro e que a experiência afetou a sua confiança”.

O aumento de ataques é semelhante ao registrado em 2013, depois do assassinato do soldado Lee Rigby no sul de Londres, de acordo com o documento.

Números da polícia indicam que os incidentes antissemitas e antimuçulmanos já tinham aumentado antes dos atentados de Paris.

Entre julho de 2014 e julho de 2015, os crimes de ódio antissemitas subiram 70,7% e os antimuçulmanos, 93,4%.

Ao todo, 816 incidentes como esses ocorreram na grande Londres no período, comparados com 478 no período anterior. Contra judeus, registraram-se 499, quase o dobro dos 258 ocorridos do período anterior.

O Reino Unido tem 2,7 milhões de muçulmanos e 263.000 judeus, segundo o censo de 2011.

Os atentados de Paris, que deixaram 130 mortos, foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Fonte: Agência Lusa