Corpo de Kigeli V, último rei de Ruanda, é repatriado para Kigali

09/01/2017 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Os restos mortais do último rei de Ruanda, Kigeli V, que morreu em outubro no exílio nos Estados Unidos aos 80 anos de idade, chegou nesta segunda-feira em Kigali, após uma batalha legal entre membros de sua família, anunciou à AFP uma autoridade ruandesa.

O corpo do rei chegou por volta das 14h00 (...) Estamos muito felizes que tenha retornado à sua terra natal, disse à AFP James Vuningoma, secretário-executivo da Academia ruandesa da Linguagem e Cultura, presente no aeroporto junto como membros da família do monarca e da ministra da Cultura e do Esporte, Julienne Uwacu.

Kigeli V morreu em 16 de outubro nos subúrbios de Washington, nos Estados Unidos, país onde viveu no exílio por mais de 20 anos.

Após sua morte, seus parentes iniciaram uma disputa sobre a questão do repatriamento do corpo. Sua família em Ruanda era a favor, enquanto dois de seus sobrinhos que vivem nos Estados Unidos e seu conselho real se opunham.

A justiça americana foi acionada e decidiu em 4 de janeiro em favor da família em Ruanda.

Nascido Jean-Baptiste Ndahindurwa, Kigeli V ascendeu ao trono em 1959. Ele foi forçado ao exílio um ano mais tarde pelas autoridades coloniais belgas após solicitar a ajuda da Organização das Nações Unidas para a independência de Ruanda.

Viveu em vários países africanos, incluindo Quênia e Uganda, antes de se mudar para os Estados Unidos em 1992.

A monarquia ruandesa foi abolida por referendo em 1961, um ano antes da independência. Mas a questão do retorno do rei foi adiada regularmente desde 1994 e a chegada ao poder da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), surgida da ex-rebelião tutsi liderada pelo atual presidente Paul Kagame.

Apesar de várias tentativas de negociações, a questão nunca foi resolvida: as autoridades ruandesas sempre disseram estar prontas para o retorno do antigo rei como um cidadão comum, mas Kigeli V só aceitava voltar ao seu país como monarca.

O rei deverá ser enterrado em Nyanza, ex-capital real no sul do país, nos próximos dias, indicou Medard Rutijanwa, membro da família.

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