Consumo de alho ajuda a controlar glicemia e colesterol, sugere estudo

21/06/2024 04h25 - Atualizado há 5 mêses

Além de ser um protetor da saúde cardiovascular, o alimento também pode favorecer o equilíbrio das taxas de açúcar no sangue; veja a melhor maneira de consumi-lo

Cb image default
SimpleImages/GettyImages

O alho é um dos ingredientes mais versáteis da cozinha e coleciona evidências de seu papel na proteção cardiovascular, sobretudo como agente aliado contra a hipertensão. Agora, uma revisão de estudos publicada no periódico Nutrients aponta os efeitos benéficos nas taxas de glicose e de colesterol.

Pesquisadores chineses se debruçaram em mais de 2 mil trabalhos e concluíram que substâncias presentes no vegetal atuam no equilíbrio da produção de insulina — hormônio que permite a entrada da glicose (açúcar) dentro das células —, promovendo o controle glicêmico no sangue. Essa ação contribui para a diminuição do risco de desenvolver diabetes tipo 2.

O trabalho ainda aponta a redução dos níveis de LDL, considerado o colesterol ruim, e um discreto aumento do HDL, conhecido como o bom colesterol. Tais efeitos têm ação protetora nos vasos sanguíneos, reduzindo o risco de complicações cardiovasculares como a aterosclerose, que é o acúmulo de gordura nas artérias.

Por trás dos achados, estão os compostos organossulfurados, com destaque para ajoeno, alicina e aliina. Mas ainda é preciso investigar mais a fundo essas ações do alho no organismo. “Embora o estudo levante hipóteses interessantes, mais pesquisas são necessárias para entender melhor os mecanismos e a quantidade ideal para alcançar os benefícios”, pondera a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Poderes do alho

A fama do alho por seus benefícios à saúde é antiga. Há comprovação, inclusive, de seu papel antimicrobiano. “Além dos benefícios apontados no estudo, o alho oferece fibras diferenciadas, de atuação prebiótica, que colaboram para a microbiota intestinal”, comenta Modenezi. Ela explica que manter esse ecossistema do nosso intestino em equilíbrio fortalece a imunidade e até colabora para o humor.

Nativo da Ásia, o alho faz parte de uma família que inclui ainda a cebola, a cebolinha e o alho-poró. Sua estrutura é feita da “cabeça”, com 12 ou mais bulbos; e os dentes, que concentram os festejados compostos organossulfurados, responsáveis por grande parte das propriedades à saúde e ainda pelo cheiro peculiar do vegetal.

Na natureza, tais substâncias servem como estratégia para repelir insetos e outros inimigos. Elas ficam guardadas no vegetal, mas quando ele é picado, mordido ou amassado, suas células se rompem e uma cadeia de reações começa. Enzimas e outros compostos, que antes estavam separados, se encontram, reagem e, assim, surgem as famosas moléculas responsáveis pelo sabor picante e aroma forte, aquele do bafo.

Melhor forma para consumo

Giuliana Modenezi lembra, porém, que não adianta apostar no alho se sua alimentação for recheada de opções pouco saudáveis, sem espaço adequado para hortaliças, frutas e grãos integrais, por exemplo. Pesquisas sugerem que, para se valer de todos os atributos desse alimento, o ideal é consumi-lo cru ou, no máximo, acrescentá-lo ao final das preparações.

Mas nem sempre ele agrada a todos os paladares nessas versões. “Dá para usar das mais diferentes maneiras”, comenta a nutricionista do Einstein. Desde o refogado que serve de base para tantas preparações, caso do arroz com feijão, até para finalizar molhos de massas. “Quando é assado, o gosto tende a suavizar”, ensina Modenezi. Tem também o alho frito, que incrementa receitas com sua crocância.

Aliás, vale salientar que é sempre recomendável priorizar o alimento em si. Cápsulas de alho devem ser consumidas somente com orientação. “Existem situações em que [as cápsulas] oferecem risco, caso de mulheres que estão amamentando e de quem faz uso de medicamentos anticoagulantes e anti-hipertensivos”, avisa a nutricionista. “Inclusive, é importantíssimo pontuar que o alho não substitui medicações, ninguém deve trocar o remédio por ele.”

Na cozinha, a sugestão é usar sempre o vegetal fresco e evitar aqueles produtos prontos, já que a tendência é que ocorra oxidação e o alimento perca qualidade. Mesmo assim, excessos são contraindicados, sobretudo para quem é mais sensível.

O recado é usar a criatividade, sem exceder na dose, afinal seu gosto e cheiro roubam a cena. E depois de saboreá-lo, a recomendação é caprichar na higiene bucal.

Regina Célia Pereira da Agência Einstein