Campbell: “Prisão dos famosos” tem horta orgânica e presos sonham em cumprir pena lá

19/09/2024 04h41 - Atualizado há 1 dia

Jornalista Ullisses Campbell revela detalhes sobre a vida dos presos em Tremembé, onde detentos de crimes famosos cumprem pena

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Divulgação

O complexo penitenciário de Tremembé, conhecido como “presídio das estrelas” ou “presídio Nutella”, tem se tornado o sonho de dez entre dez detentos em São Paulo. O jornalista e escritor Ullisses Campbell, especializado em true crime, revelou detalhes surpreendentes sobre a vida dos presos famosos neste estabelecimento durante uma entrevista à CNN Brasil.

Segundo Campbell, o complexo de Tremembé é composto por cinco penitenciárias, sendo duas delas consideradas modelo – uma masculina e uma feminina. Estas unidades, especialmente destinadas ao regime semiaberto, oferecem condições que contrastam drasticamente com a realidade típica do sistema prisional brasileiro.

Um ambiente quase bucólico

O escritor descreveu a penitenciária feminina, onde já estiveram detidas figuras como Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá, como “um lugar bucólico, quase uma fazenda”. O ambiente aberto conta com uma horta orgânica cultivada pelas próprias detentas, que consomem o que plantam, além de uma academia disponível a qualquer hora do dia.

Campbell explicou que a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP) seleciona para Tremembé os chamados “presos de mídia” – detentos de alta visibilidade que, muitas vezes, não seriam aceitos em outras penitenciárias devido à natureza de seus crimes ou à sua notoriedade.

Casos emblemáticos

Um exemplo citado é o de Alexandre Nardoni, condenado pelo assassinato da própria filha em 2008. “A SAP não seria aceito em nenhuma penitenciária, porque ele matou uma criança. Então, o que eles fazem? Mandam para Tremembé, onde ele vai ter como companheiros outros presos, anônimos no caso, que também cometeram crimes semelhantes”, explicou Campbell.

O jornalista defendeu a importância de registrar esses casos criminais emblemáticos, argumentando que “a história de um país também deve ser contada pelos crimes que a nossa sociedade comete”. Campbell ressaltou que muitos desses processos e inquéritos correm o risco de serem destruídos, perdendo-se assim parte significativa da história criminal do país.

A revelação sobre as condições em Tremembé levanta questões sobre o tratamento diferenciado oferecido a certos detentos e a disparidade entre as diversas unidades do sistema penitenciário brasileiro. Enquanto isso, o fascínio do público por esses casos continua alimentando o mercado editorial e midiático, com livros, séries e filmes que exploram a psique e as histórias por trás desses crimes que chocaram o Brasil.

Da CNN