Cães e gatos podem ter vírus da covid-19, mas não transmitem uma doença

17/10/2021 10h02 - Atualizado há 3 anos

Apenas 11% dos cães e gatos que habitam casas de pessoas que têm covid-19 apresentam o vírus nas vias aéreas

Cb image default
TONI REIS

Apenas 11% dos cães e gatos que habitam casas de pessoas que têm covid-19 apresentam o vírus nas vias aéreas.

Esses animais, entretanto, não desenvolvem a doença, segundo pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Isso significa que eles apresentam exames moleculares positivos para SARS-CoV-2, mas não têm evidências da doença.

Segundo o médico veterinário Marconi Rodrigues de Farias, professor da Escola de Ciências da Vida da PUC-PR e um dos responsáveis ​​pelo estudo, até o momento, foram obtidos 55 animais, sendo 45 cães e dez gatos.

Os animais foram divididos em dois grupos: aqueles que tiveram contato com pessoas com diagnóstico de covid-19 e os que não tiveram.

Uma pesquisa para analisar se os animais que coabitam com pessoas com covid-19 têm sintomas respiratórios semelhantes aos dos tutores, se sentem dificuldades para respirar ou apresentar secreção nasal ou ocular.

Foram feitos testes PCR, isto é, testículos moleculares, baseados na pesquisa do material genético do vírus (RNA) em coletadas por swab (cotonete longo e estéril) da nasofaringe dos animais e também coletas de sangue, com o objetivo de ver se os cães e gatos domésticos comuns o vírus.

“Eles pegam o vírus, mas este não replica nos cães e gatos. Eles não transmitiram ”, explicou Farias.

Segundo o pesquisador, uma possibilidade de cães e gatos transmitem a doença é muito pequena.

O estudo conclui ainda que em torno de 90% dos animais, mesmo tendo contato com pessoas positivadas, não têm o vírus nas vias aéreas.

Mutação

Segundo Farias, até o momento, pode-se afirmar que animais domésticos têm baixo potencial no ciclo epidemiológico da doença.

No entanto, é importante ter em mente que o vírus pode sofrer mutação. Por enquanto, o cão e o gato doméstico não desenvolvem a doença.

A continuidade do trabalho dos pesquisadores da PUC-PR vai revelar se esse vírus, em contato com os animais, pode sofrer mutação e, a partir de daí, no futuro, passar a infectar também cães e gatos domésticos.

“Isso pode acontecer. Aí, o cão e o gato passariam a replicar o vírus. Pode acontecer no futuro. A gente não sabe ”.

Por isso, segundo o especialista, é importante controlar a doença e vacinar em massa a população, para evitar que o cão e o gato tenham acesso a uma alta carga viral, porque isso pode favorecer a mutação.

A nova etapa da pesquisa vai avaliar se o cão e o gato têm contra o vírus. Os dados devem ser concluídos entre novembro e dezembro deste ano.

O trabalho conta com recursos da própria PUC-PR e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

Agência Brasil - EBC