Brasil fica em último lugar no ranking de custo de capital, diz boletim da CNI
O Brasil está em último lugar no ranking da disponibilidade e custo de capital, que é um dos fatores determinantes da competitividade de um país. O ranking da disponibilidade e custo de capital, com dados de 2018, os últimos disponíveis, está na primeira edição do boletim Competitividade em Foco, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A publicação compara o Brasil com 17 países de economia similar à brasileira: Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Espanha, Indonésia, Índia, Coreia do Sul, México, Peru, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia e África do Sul.
“Mesmo com a recente queda nos juros, a situação não mudou. O Brasil mantém uma distância muito grande de seus principais competidores na questão custo de capital”, afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “É preciso reduzir essa distância, ampliando as fontes e reduzindo o custo dos financiamentos”, completa Castelo Branco.
De acordo com os últimos dados disponíveis, o Brasil tem a mais alta taxa de juros real de curto prazo entre os 18 países avaliados. Naquele ano, a taxa anual real de juros de curto prazo do Brasil era de 8,8% ao ano, 68% acima dos 5,2% ao ano cobrados na Rússia, que está na 17ª colocação. O primeiro lugar a lista é da Espanha, onde a taxa real de juros era negativa, de 2,2. No Canadá (2º lugar), na Coreia do Sul (3º lugar), na Austrália (4º lugar) e na Polônia (5º lugar) a taxa de juros real também era negativa.
SPREAD - Além disso, o Brasil tem o spread da taxa de juros (diferença entre as taxas de captação e as cobradas nos empréstimos bancários) mais alto do que nos seus principais competidores. Em 2018, o spread no Brasil era 32,2 pontos percentuais, mais do que o dobro dos 11,9 pontos percentuais do Peru, que está em penúltimo lugar neste quesito. O primeiro lugar do ranking do spread é da Índia, com 0,5 ponto percentual. Em segundo lugar na lista, aparece a Coreia do Sul, com 1,6 ponto percentual, e, em terceiro, a Espanha, com spread de 1,9 ponto percentual.
“O alto custo do financiamento no Brasil reduz o investimento e também eleva o custo operacional das empresas, que dependem de capital de giro para equacionar a diferença entre os tempos de pagamento dos custos e recebimento das receitas de vendas”, diz o boletim. “O investimento é essencial para o crescimento do país, pois permite a incorporação de novas tecnologias e promove o aumento da produtividade”, completa o Competitividade em Foco.
O boletim mensal, que é feito com base no estudo anual Competitividade Brasil 2018-2019, é uma contribuição da indústria para o debate sobre as condições do Brasil em competir com economias similares nos mercados interno e externo.
SAIBA MAIS: Leia a íntegra do estudo Competitividade Brasil 2018-2019.
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Por: Verene Wolke