Brasil: desemprego segue em alta, superando 13%
O índice de desemprego no Brasil superou pela primeira vez a barreira de 13%, situando-se em 13,2% no trimestre dezembro-fevereiro, em comparação com os 12,6% no trimestre anterior, informaram nesta sexta-feira fontes oficiais.
O aumento corresponde à estimativa média de 24 analistas consultados pelo jornal econômico Valor Econômico.
O avanço marca um aumento anual de 3 pontos percentuais (10,2%) - um recorde considerando-se o início da atual série histórica em 2012 - e demonstra uma piora do mercado de trabalho.
No total, 13,5 milhões de pessoas se encontram em busca de um emprego, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse contingente registrou um aumento de 1,4 milhão de pessoas em relação ao trimestre setembro-novembro de 2016 e de 3,4 milhões em comparação com o mesmo período de um ano atrás.
Embora fosse esperado, o dado se soma a outros indicadores fracos, que obrigaram o governo de Michel Temer revisar em baixa suas previsões de crescimento em 2017, de um inicial 1% a apenas 0,5%, depois que o PIB sofreu uma contração de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016.
- Comemorações prematuras -
Temer festejou neste mês o anúncio de que as contratações do setor privado formal registrarão em fevereiro o primeiro aumento líquido (+35.600 postos) desde março de 2015.
No entanto, no trimestre dezembro-fevereiro, o número de funcionários do setor formal caiu um 1% trimestral e 3,3% ao ano, totalizando 33,7 milhões de pessoas, de uma força de trabalho de 89,3 milhões de pessoas.
A melhora das contratações em fevereiro se trata de um número real, que não supõe necessariamente uma curva, adverte Jason Vieira, da Infinity Assets Management.
O desemprego vai continuar piorando e pode chegar até 14% no terceiro trimestre, acrescenta.
O emprego costuma ser um dos últimos parâmetros a registrar melhoras em processos de recuperação.
Isso se deve, segundo os analistas, tanto a hesitações das empresas para contratar como ao fato de que muitas pessoas voltam a buscar trabalho e a aumentar as listas de desemprego, quando há alguma perspectiva de encontrá-lo.
Por setor, no período dezembro-fevereiro, as maiores reduções trimestrais do emprego atingiram a administração pública e os setores de previdência social, saúde, educação e serviços sociais (-4,4%) seguidos pela indústria de modo geral (-2%).
Houve, entretanto, aumentos de efetivos nos setores de alojamento e alimentação (+3,5%) e informação, atividades financeiras e imobiliárias (+2,2%).
- Entre o corte de juros e o corte de gastos -
Entre os últimos dados que animaram o governo está a contração de 0,7% das vendas do varejo em janeiro e, na estimativa prévia de janeiro (índice IBC-BR), o PIB caiu 0,26% ao mês e 0,79% ao ano.
O governo também comemorou a forte queda da inflação nos últimos meses, e o Banco Central informou na quinta-feira que isso abre espaço para acelerar um corte da taxa de juros, atualmente en 12,25%. A medida é pedida por empresários e sindicatos como estímulo ao investimento e ao consumo.
No entanto, o ministro de Fazenda, Henrique Meirelles, não dá sinais de flexibilizar seus planos de ajuste de contas, e na quarta-feira anunciou um corte de gastos de 42,1 bilhões de reais para cobrir parcialmente o déficit das contas do governo.
Meirelles optou por essa solução, mas ainda não descartou posteriores aumentos de impostos. O ministro, junto com o presidente Temer, defendem ainda a necessidade de reformas, sobretudo na previdência e nas leis trabalhistas.
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