Avião da Voepass teve falha no sistema de degelo 6 vezes em 2023, diz jornal

16/08/2024 15h40 - Atualizado há 3 mêses

Companhia aérea afirma que "segue todos os protocolos operacionais e de manutenção regulamentados pelo setor aéreo"

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Crédito: Secretaria de Segurança de São Paulo/Divulgação

A aeronave ATR-72 da Voepass, que caiu na última sexta-feira (9) em Vinhedo (SP) deixando 62 mortos, ficou com o sistema de degelo inoperante em pelo menos seis ocasiões em julho do ano passado, segundo relatórios obtidos pelo jornal “O GLOBO”.

Segundo a reportagem, em pelo menos uma dessas ocorrências houve a recomendação técnica de não voar para a região Sul do país, exatamente para evitar uma área mais propícia a condições climáticas adversas, e a orientação não foi seguida.

De acordo com um estudo feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal do Alagoas (Ufal), a aeronave enfrentou condições metereológicas severas por quase 10 minutos antes de cair em Vinhedo. Conforme o estudo, o ATR-72 entrou numa área com alta formação de gelo, ventos de 60 a 70 km/h e nuvens altas e congeladas, com temperaturas de cerca de – 40°C.

Especialistas em aviação apontam que problemas com o funcionamento do sistema de degelo estão entre as possíveis causas que podem ter contribuído para o acidente. Em nota à CNN, a Voepass afirmou que a empresa segue todos os protocolos operacionais e de manutenção regulamentados pelo setor aéreo.

“A VOEPASS Linhas Aéreas reafirma que, em 9 de agosto deste ano, a aeronave estava com o sistema de degelo operante e com a aeronave aeronavegável e apta a realizar o voo, dentro da legislação estabelecida”, completa.

Os relatórios obtidos pelo “O GLOBO” mostram que inspeções detectaram o problema no sistema de degelo da aeronave nas bases de Ribeirão Preto (SP), Porto Alegre (RS) e Congonhas (SP).

Em 13 de julho do ano passado, o responsável pela manutenção em Ribeirão Preto afirmou que a aeronave apresentava “restrições de gelo” e recomendou que a tripulação deveria “evitar mandar o avião para o Sul”. Porém, no mesmo dia, o avião seguiu para Porto Alegre, onde a manutenção voltou a apontar que o sistema de degelo do avião estava inoperante, além de estar com o limpador de para-brisa quebrado e com uma pane no sistema de alerta de aproximação em solo.

No dia seguinte, antes de o bimotor embarcar para Congonhas, o relatório apontou apenas “restrição de gelo”, o que poderia indicar que os demais sistemas foram reparados. No mesmo dia, ainda em Congonhas, a manutenção novamente alertou para “restrição de gelo — evitar de mandar região Sul”.

Os relatório apontam que, quatro dias depois, a aeronave estava em Congonhas com o sistema de degelo e com o gerador elétrico inoperantes. No fim do mesmo dia, o ATR-72 passou por outra inspeção em Ribeirão Preto, que novamente apontou que o sistema de degelo e o gerador elétrico estavam inoperantes.

Questionada sobre os relatórios, a Voepass afirmou à CNN que “este tipo de manutenção faz parte da rotina de todas as companhias aéreas do mundo”, e reforçou que segue segue todos os protocolos operacionais.

A Força Aérea Brasileira (FAB), a Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo seguem investigando o que teria motivado a queda do avião. Ao todo, 62 pessoas morreram, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes.

Da CNN