Atacado por onça, pescador matou animal com faca e levou 1.118 pontos

25/04/2025 19h42 - Atualizado há 9 horas

Anderson Guedes sofreu um sério ataque de onça há 16 anos. Ele precisou enfiar um facão no animal para sobreviver e, na luta, perdeu 2 dedos

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Arquivo Pessoal

Pescador sul-mato-grossense e criador de conteúdo, Anderson Guedes usou as redes sociais para relembrar a história do ataque de onça que ele sofreu há 16 anos. Anderson, em vídeo publicado no Instagram, lamenta que Jorge Avalo, de 60 anos, não tenha conseguido sobreviver à ofensiva do animal. Jorge foi morto por uma onça no dia 22 de abril, em um rancho localizado na região conhecida como Touro Morto (MS).

Em entrevista ao Metrópoles, Anderson disse que o ataque aconteceu há 16 anos e teve início quando ele sentou em barranco em frente a um rio e colocou uma faca com coração de boi e com a varinha de bambu, “tentando pegar uma isca”.

“Eu estava sentado ali parado, quando houve um grande silêncio na mata, os passarinhos pararam de cantar. E, de repente, os macaquinhos começaram a pular, correndo de uma árvore para outra e aí eu senti um cheiro leve de carniça e barulho de pegadas, mas bem de leve. Quando isso aconteceu, eu olhei e vi a onça arrepiada, como se fosse um gato, para pegar um passarinho, em posição de ataque”, relata Anderson.

O pescador diz que tentou fugir, mas não conseguiu. “Tentei me virar para me jogar do barranco, mas não deu tempo. Ela deu dois pulos e já me mordeu na cabeça. Nisso, eu enfiei a mão dentro da boca dela. No início, ela mordia e foi aquele desespero, ela me arranhando e me mordendo. E aí, em mais ou menos uns 30 segundos daquela agonia, vi que já não tinha como escapar e pular dentro da água.”

“Quando vi, a onça já tinha mordido a minha mão. Eu nem sabia como estava, porque, com adrenalina, a gente mal sente. Ela comeu quase inteiros dois dedos, e os do meio foram arrancados quase que pela metade. Quando ela mordeu a minha cabeça, ela puxou o meu couro cabeludo, na hora que ela puxou veio rasgando até perto da orelha”, relatou.

Anderson Guedes diz que conseguiu escapar, porque viu a faca a seu lado e se defendeu. “Meti a mão na faca e comecei a tentar enfiar entre as costelas dela, mas não entrava com facilidade. Quando a faca conseguiu entrar um pouco, travei minha outra mão no maxilar dela.”

“De 15 a 20 segundos, senti aquele desespero de tentar fugir. Quando ela mordeu a minha mão e minha cabeça, o sentimento foi virando de luta, de raiva e comecei a bater até faca entrar quase inteira. Quando a onça cambaleou, abriu a boca cheia de sangue, olhou na minha cara, me largou e saiu correndo”, conta Anderson.

O pescador relata: “Quando escutei o barulho no mato, no meu coração, dizia: ‘Cara, você está vivo!’. Quando vi que ela tinha ido embora mesmo, percebi o quanto eu estava machucado, cheguei a achar que tinha perdido a visão”.

Ele foi socorrido imediatamente pelos amigos, que o levaram até a casa do sitiante. “Quando eles viram, a mulher do sitiante já veio correndo com toalhas e foi enfaixando com tudo que tinham para estancar o sangue, me colocaram no carro e cheguei ao hospital público daqui.”

“O doutor Lima falou: ‘Venha todo mundo que saiba suturar, vamos precisar fazer juntos’. Teve que enfiar dois ferros nos meus dedos. Eu levei 1.118 pontos no corpo inteiro, pontos externos e pontos internos.”

Luana Viana

METRÓPOLES