Argentina tem mais de 700 voos cancelados em segunda greve geral contra Milei

10/05/2024 04h35 - Atualizado há 10 dias

Pelo menos 31 voos entre o Brasil e a Argentina foram cancelados

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Pessoas protestam em frente ao Congresso durante greve geral contra os planos de reformas do governo de Javier Milei

Martin Cossarini/picture Alliance via Getty Images

Mais de 700 voos que partiriam ou chegariam a aeroportos argentinos nesta quinta-feira (9) foram cancelados, devido à segunda greve geral promovida por sindicalistas argentinos em cinco meses do governo de Javier Milei.

Devido à adesão de pilotos e trabalhadores aeronáuticos à greve, somente no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini, em Ezeiza, e no Aeroparque Jorge Newberry, em Buenos Aires, quase 400 voos foram cancelados e 55 mil passageiros afetados, segundo a administradora Aeropuertos Argentina 2000.

Pelo menos 31 voos entre o Brasil e a Argentina que seriam realizados nesta quinta-feira (9) foram cancelados. A Gol informou o cancelamento de todos os seus voos de ou para os aeroportos de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e Rosário. Pelo menos oito voos da empresa entre o Brasil e a Argentina foram cancelados.

Segundo a Gol, para atender clientes afetados, foram criadas operações extras para esta sexta-feira (10). Clientes com passagem para os voos cancelados poderão realizar alteração sem custos ou solicitar o reembolso integral do valor da passagem, segundo a companhia.

O grupo Latam também informou o cancelamento de toda a sua operação de e para aeroportos argentinos. Pelo menos dez voos da empresa entre o Brasil e a Argentina foram cancelados.

A empresa afirma que está oferecendo alternativas para os passageiros afetados. Mudanças nas passagens podem ser feitas sem custos para até 7 dias depois da data original e reembolsos podem ser efetuados para todos os bilhetes não utilizados.

Já a Aerolíneas Argentinas cancelou 191 voos nacionais e internacionais. Pelo menos 10 cancelamentos são de voos que partiriam ou chegariam do Brasil.

Segundo a companhia estatal, a medida afeta cerca de 24 mil passageiros, sendo 3 mil de voos internacionais, gerando um custo de US$2 milhões. A empresa informa que não terá atendimento presencial de funcionários da Aerolíneas Argentinas nem nos aeroportos nem em suas sucursais por causa da greve.

A Jet Smart também cancelou todos os seus voos domésticos e internacionais, entre eles os previstos de e para o Brasil. As alterações de passagem poderão ser realizadas sem custo, de acordo com disponibilidade. Clientes também podem solicitar a devolução do valor da passagem.

A Flybondi, por sua vez, informou que transferiu suas operações do Aeroparque Jorge Newbery para o Aeroporto Internacional de Ezeiza, onde tem serviço próprio de rampa, e conseguirá manter seus voos previstos para esta quinta com o Rio de Janeiro e São Paulo.

Greve geral

A greve geral de 24 horas desta quinta é a segunda “medida de força” de sindicalistas contra o governo de Javier Milei em apenas cinco meses. A primeira foi em 24 de janeiro, quando houve uma greve nacional de 12 horas, que também paralisou quase a totalidade do setor aeronáutico do país.

Agora, a convocação foi feita pelos sindicalistas em resistência ao megaprojeto de lei de Javier Milei, que promove reformas na administração pública e modifica diversas legislações do país. A lei também declara emergência pública administrativa, econômica, financeira, energética e dá ao presidente poderes legislativos para governar nestas áreas.

O texto foi aprovado pela Câmara de Deputados e deve ser votado pelo Senado na semana que vem. Se aprovado, permitirá ao governo dissolver organismos públicos, privatizar parte das estatais, entre elas a companhia Aerolíneas Argentinas. A lei também libera a importação e exportação de hidrocarbonetos, e reforma a legislação trabalhista.

Por causa da greve desta quinta, trens e o metrô que atendem Buenos Aires estão paralisados. A maior parte da frota de ônibus da capital deixou de circular. Bancos também não operam e, pela falta de transporte, muitos estabelecimentos comerciais estão fechados.

Luciana Taddeo da CNN em Buenos Aires