Apaixonada por cerveja, publicitária vira sommelier e faz bebida em casa
Como publicitária, não é difícil para Carolina Barioni Dacar, 37 anos, associar cerveja com a imagem de uma mulher. Mas segundo ela, ao contrário do que se vê nas propagandas, não é o corpo, e sim a personalidade feminina que se ajusta a variedade da bebida. Ao fazer uma análise sobre si mesma, a jovem diz ser cheia de possibilidades - assim como o universo cervejeiro, repleto de aromas e sabores. (Veja o vídeo acima)
Foram algumas dessas correlações que incitaram a curiosidade de Carolina e a levaram além da mesa do bar: ela se inscreveu em um curso de sommelier em 2015 e aprendeu, por conta própria, a fabricar a bebida na casa onde vive com o noivo, o engenheiro Rafael Hess Mizer, 33 anos, em Sorocaba (SP).
A cerveja pode facilmente representar a personalidade da mulher. Por causa da essência, e não do corpo. Comprovei isso depois de começar a fabricar minha própria cerveja. Controlo o teor alcóolico, o aroma, o sabor. Há mil possibilidades. Assim como o temperamento feminino. É a cerveja e não o vinho que gourmetiza minha vida, destaca.
Inquieta por natureza, como ela mesma se define, a paulistana procurou inúmeros hobbies antes de apostar no que ela se encaixa melhor: conhecer mais sobre cerveja. Ela conta sempre ter gostado de apreciar a bebida com amigas, mas só resolveu apostar no conhecimento mais profundo do tema quando passava por um momento difícil da carreira. Na época em que fiz o curso, estava muito infeliz na minha profissão e buscava um hobby. Depois que comecei a estudar, tudo se encaixou. O importante é o que me faz bem, explica.
A identificação com a bebida, porém, nem sempre foi vista com bons olhos. E é para enfrentar questões como essa que Carolina diz ser importante celebrar o Dia da Mulher nesta terça-feira (8). Tive aula [no curso para sommelier] com uma mulher. Assim que ela entrou na sala, os meninos se entreolharam, como se pensassem uma mulher vai me ensinar sobre bebida?. Por isso é importante falar do assunto. Mas superei. Meus objetivos são maiores que o machismo.
A fabricação da bebida, que começou como lazer, hoje é encarado como o início de um negócio para Carolina e o noivo, Rafael.
Atualmente, o casal fabrica uma garrafa de 600 ml por mês utilizando equipamentos como panelas de 60 litros e um engenhoso mecanismo adaptado pelo engenheiro para transformar o sonho da publicitária em realidade. Eu digo do que preciso e o Rafa faz funcionar. Somos uma boa dupla, diverte-se.
No total, a produção demora um mês para ficar pronta. Para fabricar a bebida, o casal utiliza basicamente malte, água, lúpulo e fermento. Cada produção custa em média R$ 350 e a bebida de 600 ml é vendida por R$ 17. Esses ingredientes dão cor, aroma e sabor para a bebida. A cerveja sai como queremos: às vezes mais encorpada, mais suave, explica.
Perfeccionista, Carolina deu nome para o rótulo da produção independente: Cara Mia. Questionada se chefia a produção, a paulistana, porém, diz que não há chefe. Sem o Rafa eu não conseguiria fabricar a bebida e sem mim, ele também não teria ânimo para produzir. A gente se completa. É uma espécie de cooperativa, só que mais afinada, brinca.
G1 Globo