Afeganistão tem recorde de civis mortos ou feridos em atentados

15/02/2018 00h00 - Atualizado há 4 anos
Cb image default
Divulgação

Os civis afegãos são, mais do que nunca, vítimas de um conflito que parece não ter fim, com atentados que provocaram um número sem precedentes de mortos e feridos no país em 2017, segundo o relatório anual da ONU apresentado nesta quinta-feira.

Quase 2.300 civis morreram ou ficaram feridos em atentados no Afeganistão no ano passado, o balanço mais grave registrado durante o conflito no país, informou a ONU.

Um total de 57 ataques suicidas e outras formas de atentado deixaram 605 mortos e 1.690 feridos, anunciou a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) em seu relatório anual sobre as vítimas civis.

Os atentados se tornaram, ao lado das minas e outros artefatos explosivos, a primeira causa de mortes e ferimentos no conflito, à frente dos combates terrestres.

Esta tendência se confirma em 2018, destacou o representante especial da ONU Tadamichi Yamamoto, ao recordar que três grandes atentados na capital afegã e outro contra a ONG britânica Save the Children em Jalalabad (leste) deixaram mais de 130 mortos e 250 feridos no final de janeiro.

Cabul totaliza 16% dos mortos e feridos civis registrados longe dos campos de batalha.

Pelo quarto ano consecutivo, o balanço anual de 3.438 mortos e 7.015 feridos supera a barreira das 10.000 vítimas - 10.453 no total em 2017 -, apesar de uma queda de 9% na comparação com 2016, principalmente em consequência da redução dos confrontos diretos entre insurgentes e forças do governo.

As pessoas morrem durante suas atividades diárias, quando viajam de ônibus, rezam em uma mesquita ou simplesmente passam ao lado de um imóvel em que acontece um atentado, destaca o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Husein.

Danielle Bell, diretora de Direitos Humanos da Unama, expressa preocupação com o aumento de ataques sectários contra a comunidade xiita e suas mesquitas, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), com 500 vítimas de atentados suicidas nos locais de oração, principalmente em Cabul.

O informe da ONU atribui dois terços de todas as vítimas (65%) aos insurgentes (42% aos talibãs, 10% ao EI, 13% indeterminados), 13% às forças do governo e 2% às forças internacionais.

Com o aumento dos bombardeios aéreos afegãos e americanos contra posições dos talibãs e do EI, as vítimas de erros aumentaram 7% na comparação com 2016, com 295 mortos e 336 feridos, o balanço anual mais grave das operações aéreas desde 2009.

De acordo com a Unama, muitos morreram em ações das forças americanas, as únicas da coalizão que realizam operações aéreas: os bombardeios americanos deixaram 154 mortos e 92 feridos civis em 49 operações.

Ao mesmo tempo, a Unama elogiou a adoção pelo Afeganistão do Protocolo V da Convenção da ONU sobre a proibição ou limitação de algumas armas clássicas. Este protocolo, que impõe aos beligerantes limpar os campos de batalha de munições que não explodiram, deve permitir evitar vários ferimentos e amputações, que em 81% dos casos afetam crianças.

Yahoo

Foto: AFP